Clube de Leitura da BMF aborda a temática da vida e obra do Feiticeiro do Norte

Na 4.ª feira, 25 de junho, pelas 18:00, a Biblioteca Municipal do Funchal promove uma nova sessão do seu Clube de Leitura, que terá como pano de fundo a obra “Literatura de Cordel de Manuel Gonçalves, O Feiticeiro do Norte”, coordenada por Danilo Fernandes, que marcará presença neste evento.

De acordo com a sinopse desta obra, Manuel Gonçalves foi um artista fecundo e multifacetado nos seus folhetos de cordel, assim como na imprensa periódica. Mesmo a viver distante da urbe, andava a par dos acontecimentos, narrando-os em prosa e com saber extraordinário, como se pode ler nos seus poemas As inundações de 1895, A chegada de suas Magestades, «Funcção», e «A História da Peste». Foi um exímio narrador de uma ilha, no tempo em que tudo era longínquo e desconhecido: A cidade do Funchal e A Madeira.

Através do seu talento conhecemos melhor a ruralidade e os problemas do quotidiano; foi um distinto porta-voz do povo (principalmente o da costa norte da ilha), expressando o que lhe ia na alma, criticando os governantes (incluindo os deputados), os empregados estatais, a exploração dos senhores dos engenhos da cana doce, até os próprios padres não ficaram isentos: «As estradas reaes» (após a aluvião de 1895), A Emigração da Madeira, «Os Casamentos», O Lavrador, A antiguidade de meu pae. Conseguiu avultados proveitos de se fazer pobre, usando até para isso sentido de humor e pondo a plateia ao alvoroço, como se pode ver em A Vida do Feiticeiro do Norte», em sátiras às mulheres solteiras e quando fala do santo casamenteiro, O Santo António, do santo dos beberrões, S. Martinho, etc. Manuel Gonçalves foi um poeta popular de sucesso, granjeando vultosos proventos à custa do seu enorme talento e visão.

Danilo José Fernandes nasceu a 11 de junho de 1958, em São Gonçalo, na ilha da Madeira. Inserido numa família de profundas raízes musicais, cedo começou a cultivar o gosto pela música e dança, ingressado no Grupo Folclórico do Livramento aos cinco anos de idade, como bailador. Mais tarde, entrou como elemento fundador, no Grupo Folclórico Cultural e Recreativo Boa Nova (atual Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova), fundado pelos seus pais, exercendo as funções de bailarino e músico.

Com 20 anos, começou a trabalhar com alguns grupos de folclore e de instrumentos tradicionais, por toda a ilha, sendo professor/fundador de mais de uma dezena deles. Foi também convidado a ensaiar temporariamente alguns grupos folclóricos de emigrantes, na Venezuela e na França.

Ocupa o cargo de Diretor Artístico do Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova desde 1989 e de Presidente a partir de 2010, tendo criado várias atividades, a destacar, entre outras: espetáculos de folclore, realizados no Teatro Municipal Baltazar Dias, exposições etnográficas, colóquios sobre o folclore, e Roteiro Etnográfico das Carreiras.

Com a inauguração do Centro Cívico de Santa Maria Maior, a18 de abril de 2007, criou o Núcleo Museológico de “Arte Popular”, único existente no país. Em 1996, foi distinguido, pelo Governo Regional, com o Galardão de Mérito Turístico, pelo trabalho que tem vindo a desempenhar em prol da cultura da região. Na área da investigação, a qual iniciou em setembro de 1989, já publicou algumas dezenas de artigos em revistas de índole cultural, foi coator em diversas publicações e dezasseis trabalhos de sua autoria, entre eles: «Literatura de Cordel de Manuel Gonçalves, o Feiticeiro do Norte».

Este evento é de entrada livre e decorrerá nas instalações da Biblioteca Municipal do Funchal, sita à Avenida Calouste Gulbenkian nº 9.

Leave a comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *