O jogo das apostas é um fenómeno humano do qual é difícil determinar de forma rigorosa quando é que surgiu. Se no passado as pessoas apostavam as terras, o gado ou os alimentos, atualmente o que está em jogo é, maioritariamente, o dinheiro. Em Portugal, a popularidade dos jogos a dinheiro como a Raspadinha, o Euromilhões, o Placard e os Casinos Online é bastante significativa.
Quando falamos de apostas ou jogo a dinheiro referimo-nos a jogos de sorte e azar – jogo em que o resultado depende essencialmente da sorte. Neste tipo de jogo o jogador não consegue elaborar uma estratégia para vencer, é tudo aleatório. É sorte… ou azar.
É precisamente esta imprevisibilidade que torna os jogos tão cativantes, proporcionando momentos de diversão e entusiasmo. Ganhar uma aposta ativa a dopamina, um neurotransmissor associado ao prazer, ativando um ciclo de recompensa que motiva o jogador a continuar a jogar na esperança de receber novas recompensas e novos ganhos.
Associado a esta característica da imprevisibilidade estão outras duas que seguram o jogador às apostas: o design das máquinas ou dos boletins meticulosamente planeados para serem coloridos, atraentes e estimulantes, bem como, o facto de se obter o resultado rapidamente, alimentando o desejo da gratificação imediata e incentivando os jogadores a continuar a tentar a sua sorte. Ou o seu azar.
O fascínio do jogo está também ligado à procura de adrenalina, ao desejo de aventura, à sensação de procurar os riscos, de evasão da realidade, talvez um refúgio num mundo colorido e de fantasia, uma sensação de poder, e de enriquecimento fácil. No entanto há sempre o outro lado da moeda – aquele em que o jogo deixa de ser diversão e se transforma num problema.
Neste sentido jogar de uma forma responsável é uma abordagem essencial para garantir que a diversão não se transforme numa fonte de problemas pessoais, familiares e laborais. O jogo responsável é um conjunto de boas práticas que garantem que o jogo continue a ser uma fonte de entretenimento e lazer, permitindo jogar de uma forma racional, sensata e informada. Cada jogador deverá ter conhecimento dos riscos associados, não só os riscos financeiros como os riscos emocionais, relacionais e psicológicos. Esta consciência prepara o jogador para lidar com acontecimentos que possam surgir e prevenir com antecedência sobre possíveis consequências.
Lembre-se:
– O risco de perder é real, por isso procure estabelecer limites de tempo que quer passar a jogar e de dinheiro que está disposto a gastar, e nunca aposte valores que farão falta no seu orçamento familiar.
– Não se deixe levar por impulsos. Informe-se sobre as probabilidades reais de ganhar.
– Tenha outros passatempos. O jogo não deve ser a única forma de ocupar os seus tempos livres.
– Não jogue para aliviar o stress ou problemas emocionais.
– Nunca tente recuperar o dinheiro perdido.
– Não peça dinheiro emprestado para apostar.
– Evite consumir álcool ou outras substâncias quando joga porque potenciam a impulsividade, comprometem a tomada de decisão, desinibem, forçam a perda de controlo e frequentemente funcionam como amplificador de sensações.
– Lembre-se que o jogo não deve ser visto como um investimento ou fonte de rendimento.
Se acredita que pode estar a desenvolver uma adição ao jogo a dinheiro é essencial procurar apoio médico e psicológico. O tratamento existe e pode devolver-lhe o controlo da sua vida.