Drones não identificados foram observados sobre a maior base militar da Dinamarca na noite de sexta-feira, depois de várias violações do espaço aéreo daquele país da NATO nos últimos dias, anunciou hoje a polícia local.
“Posso confirmar que tivemos um incidente por volta das 20:15 [19:15 em Lisboa] que durou várias horas. Um ou dois drones foram observados no exterior e acima da base aérea” de Karup, disse um porta-voz da polícia.
“Não os abatemos”, acrescentou.
O incidente junta-se aos que têm vindo a decorrer desde segunda-feira numa campanha que o Governo dinamarquês descreveu como atos de “guerra híbrida”.
A intrusão levou ao encerramento temporário do espaço aéreo ao tráfego civil durante algum tempo.
Voos de drones já tinham sido observados na quarta-feira à noite sobre a Base Aérea de Skrydstrup e sobre o Aeroporto de Aalborg, a quarta maior cidade do país, que também tem uma componente militar, obrigando o aeroporto a suspender os voos durante uma hora.
Na segunda-feira, o surgimento de drones tinha também levado o Aeroporto de Copenhaga a encerrar o tráfego aéreo durante cerca de quatro horas, causando atrasos a aproximadamente 20.000 passageiros.
As autoridades dinamarquesas ainda não determinaram a responsabilidade pelas violações do espaço aéreo, embora se refiram a um “ator profissional” e a um “ataque híbrido” e tenham manifestado suspeitas de possíveis ligações à Rússia.
O país está em alerta máximo desde segunda-feira, tendo a primeira-ministra, Mette Frederiksen, alertado, na quinta-feira, para a possibilidade de o número de “ataques híbridos” poder aumentar.
Embora tenha admitido que ainda não se sabe a origem dos drones, a primeira-ministra afirmou que “existe um país que representa principalmente uma ameaça à segurança europeia: a Rússia”.
Estes incidentes acontecem após a incursão de drones russos também na Polónia e na Roménia e suspeitas na Alemanha, além da aproximação de caças russos ao espaço aéreo estónio, mas as autoridades dinamarquesas ainda não estabeleceram formalmente uma ligação entre estes incidentes.
A Rússia negou “firmemente” estar envolvida nestes sobrevoos, com a sua embaixada em Copenhaga a denunciar uma “provocação orquestrada”.
A Dinamarca é um dos principais apoiantes da Ucrânia face à ofensiva lançada pela Rússia em fevereiro de 2022, tendo recentemente anunciado que estava a adquirir novos meios “para detetar e neutralizar drones” e armas de precisão de longo alcance para atingir alvos distantes.
Na quinta-feira, a polícia dinamarquesa também anunciou estar a investigar os movimentos de várias embarcações, incluindo um navio de guerra russo, perto das suas águas territoriais.
Dez países da União Europeia decidiram na sexta-feira avançar com um muro contra drones, um sistema de defesa aérea para detetar e reagir à entrada irregular destas aeronaves pilotadas remotamente.
“Enfrentamos desafios claros: a Rússia está a testar a UE [União Europeia] e a NATO e a nossa resposta deve ser firme, unida e imediata”, defendeu o comissário europeu de Defesa, Andrius Kubilius, numa conferência realizada em Helsínquia, na Finlândia, após uma reunião por vídeoconferência com os ministros da Defesa de 10 Estados-membros da UE que estão na linha da frente de ajuda militar à Ucrânia.