Bernardo Trindade refere que crescimento sustentável do turismo “exige investimento e políticas” para qualificação dos profissionais

Os responsáveis das associações de hotelaria e da restauração traçam um balanço positivo do ano turístico, mas admitem que o setor enfrenta desafios que exigem respostas estruturais para garantir a sustentabilidade.

Por ocasião do Dia Mundial do Turismo que hoje se comemora, o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Bernardo Trindade, destaca à Lusa a continuação do papel fundamental do turismo na economia nacional.

“O turismo continua a contribuir para que o país cresça economicamente, com mais receita fiscal, com mais criação de emprego, sendo o principal instrumento de coesão económica e social do país”, sublinha.

No entanto, alerta que o crescimento sustentável do setor exige investimento nas principais infraestruturas, como o novo aeroporto de Lisboa, e políticas que promovam a qualificação de profissionais e o aumento da estada média dos turistas estrangeiros no país.

“Tudo isto para que 2025 e os próximos anos possam ter nesta atividade económica a resposta que o país precisa para crescer económica e socialmente”, diz.

Também contactada pela Lusa, a secretária-geral da AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, Ana Jacinto, ressalva a importância crescente do turismo para a economia, para a criação de emprego e para a visibilidade internacional de Portugal, mas admite preocupações, sobretudo, com a restauração.

Os dados de 2025, lembra, confirmam o dinamismo da atividade turística, com recordes em hóspedes, dormidas e receitas, o que considera, “evidentemente, motivo de orgulho”, e considerando, por isso, “o balanço, de um modo global, positivo”.

“No entanto, este crescimento está a abrandar, notam-se alterações no perfil dos turistas e várias dificuldades que ainda não foram totalmente resolvidas, sobretudo no que diz respeito ao setor da restauração localizado em territórios com menos fluxos turísticos”, reforça.

A pressão dos custos, a inflação persistente e os encargos herdados da pandemia agravam a situação.

“Há que recordar que as empresas continuam a liquidar empréstimos contraídos durante a pandemia e, em simultâneo, lidam com a instabilidade dos preços e a inflação crescente das matérias-primas”, disse, dando como exemplo agosto, quando os produtos alimentares não transformados registaram uma inflação de 7%, “acumulando sete meses consecutivos de subida, com aumentos expressivos, deixando margens cada vez mais reduzidas”.

A responsável da AHRESP destaca, por isso, que este é “um momento que exige medidas urgentes de competitividade e apoio, para que as empresas possam investir, criar valor e manter o papel vital que desempenham na economia e no turismo”.

Considerando dados até julho de 2025, “verifica-se que os Estados Unidos se assumiram como o 3.º principal mercado internacional, ultrapassando Espanha, que tradicionalmente ocupava essa posição. Esta evolução exige uma rápida adaptação das empresas portuguesas às novas exigências e padrões de consumo. Contudo, o tecido empresarial é maioritariamente composto por microempresas que não têm, sozinhas, capacidade financeira para se modernizar ou requalificar”, explica.

Ambos os responsáveis concordam, assim, que o crescimento tem que ser acompanhado de respostas.

“Temos de garantir que o crescimento chega às pessoas, às comunidades e às empresas”, sublinha Ana Jacinto, que defende uma estratégia assente em três pilares: valorização das pessoas, capitalização das empresas e apoio à habitação acessível para quem trabalha no setor.

A sustentabilidade, sublinha Ana Jacinto, “reside em fazer com que cada comunidade sinta que ganha e veja que o turismo é uma oportunidade de futuro e não apenas uma estatística”.

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