“Os dados mostram que a Região não atingiu o limite turístico”, frisa Eduardo Jesus

Eduardo Jesus está ausente da Madeira, sendo obrigado a falhar, pessoalmente, a 17.ª edição da Conferência Anual de Turismo, numa organização da delegação regional da Madeira da Ordem dos Economistas, que decorre ao longo da manhã desta quinta-feira, no Centro de Congressos da Madeira.

Contudo, deixou o seu testemunho através de vídeo, numa mensagem pacificadora e agregadora de contributos, com essa sua certeza de que a Região não atingiu o seu limite, a nível turístico, reconhecendo, no entanto, o problema de enorme densidade em determinados horários e locais.

“Os dados disponíveis relativamente à elasticidade mostram que a Região Autónoma da Madeira não atingiu o limite turístico”. Esta foi, então, uma das principais mensagens deixadas pelo secretário regional de Turismo, Ambiente e Cultura, Eduardo Jesus, no testemunho da sessão de abertura da XVII Conferência Anual do Turismo (CAT), um evento, uma vez mais, organizado pela Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Economistas.

Na mensagem, o governante, que não pode estar presente no evento por se encontrar fora da Região, começou por enaltecer a organização de mais esta edição da CAT, “um momento de grande elevação para este setor”, felicitando a Ordem dos Economistas, através do Bastonário, e a delegação regional da Madeira, através do presidente, Paulo Pereira, pela escolha do tema da Elasticidade, “ conceito central na economia” que mede, acima de tudo, “como é que uma quantidade varia em função de outros fatores”.

No que respeita o Turismo, Eduardo Jesus salientou as três dimensões de Elasticidade que importa ter em conta, nomeadamente, e em primeiro lugar, a elasticidade do preço da procura, que pode ser definida em termos simplistas, como é que as dormidas ou as chegadas variam em função do preço médio, ou seja, “serve acima de tudo para perceber se os turistas estão dispostos a pagar mais, sem reduzir a sua presença no território”.

Outra dimensão de Elasticidade é também tida em conta na gestão do setor: a do rendimento da procura. Eduardo Jesus explica que “aqui é muito importante medir como é que a procura turística varia em função, por exemplo, do PIB per capita ou do rendimento disponível nos mercados emissores. Acima de tudo, nesta segunda perspetiva, o que nós procuramos entender é se a viagem, as férias e o turismo são vistos como um bem de primeira necessidade ou um bem de luxo”.

Finalmente, no que concerne a terceira dimensão, a elasticidade da oferta, o governante afirmou ser um aspeto muito importante já que é neste âmbito que se mede a capacidade que o destino, neste caso o destino Madeira, tem para ajustar o seu número de quartos ou de camas ao mercado e à procura. No que se refere a elasticidade do preço da procura, o Secretário Regional recordou que os dados relativos à última década (entre 2015 e 2024) revelam que o preço médio por quarto (ADR) e as dormidas subiram em simultâneo.

“O ADR passou de 59 € em 2015 para 109 € em 2024 (aumento de 85%), o RevPAR aumento de 39 € em 2015 para 84 € em 2024 (mais 114%) e as dormidas cresceram 67% (de 7 milhões em 2015 para 11,8 milhões em 2024”. Os dados demonstram que, mesmo com preços elevados, a procura continuou a crescer.O governante adianta que as estimativas para o período compreendido entre 2015 e 2024 “dão-nos uma elasticidade muito próxima de 1. E a interpretação que fazemos é que os aumentos de preços foram perfeitamente acompanhados pelos aumentos da procura”, explica.

“Se nós estivéssemos no limite da elasticidade, significava que a esta sequência de aumentos de preço e de valorização do sector, poderia ter havido uma retração das dormidas, ou seja, da procura. Mas não foi isso que aconteceu: há um acompanhamento permanente da procura relativamente à evolução dos preços”, explica. Olhando para uma série estatística mais longa, entre 1976 e 2024, verifica-se que a elasticidade neste âmbito varia entre 0,4 e 0,9.

“Portanto há aqui uma procura relativamente inelástica. Os visitantes têm vindo a aceitar os preços mais elevados sem reduzir a sua presença no território E entendemos que isto é típico de um destino turístico consolidado e simultaneamente com forte reputação e valor que é percecionado por quem nos procura”, adianta Eduardo Jesus. Explicando que é preciso ter sempre em linha de conta estas três dimensões da elasticidade para tomar decisões, e é o que o Governo Regional faz “permanentemente”, o governante conclui que os dados sobre estas três perspetivas da elasticidade mostram que a Região ainda não atingiu ainda o seu limite.

“Nos últimos 10 anos conseguimos subir os preços em mais de 80% e, ao mesmo tempo, aumentar as dormidas em cerca de 70%. A procura é sólida, não tem recuado às variações de preço. Pelo contrário: tem vindo a acompanhar e temos, portanto, aqui alguma margem de progressão”, sublinha.

No seu testemunho, o Secretário Regional admite ainda que nem tudo está feito, nem tudo está bem, e, para isso, será definida, em 2026 e 2027, uma nova estratégia turística para a Região e será feita a revisão do nosso Plano de Ordenamento de Turismo, recordando que a Madeira é “a única região de turismo de Portugal que dispõe de um plano de ordenamento de turismo, ou seja, significa que aqui existe planeamento, significa que nós aqui procuramos encontrar uma visão que nos mova, mas com um conjunto de variáveis que vamos acompanhando ao longo deste exercício”.

Além disso, Eduardo Jesus acrescentou que está a ser feito um trabalho muito importante ao nível do produto, nomeadamente, por exemplo, como as pessoas acedem a determinados sítios em determinadas horas.

“Nós verificamos que temos alguns pontos de interesse nos quais se verifica uma tendência generalizada de muita procura às mesmas horas”, refere.

“As medidas que estamos a tomar vão no sentido da desconcentração dessa presença nesse local, permitindo que todos possam lá estar, mas em horas diferenciadas. Estamos também a trabalhar na facilidade da gestão desses mesmos acessos e, acima de tudo, no parqueamento das viaturas a esses pontos de interesse”, acrescentou o governante, explicando que este é um trabalho a desenvolver durante o atual mandato e que está a ser feito com a colaboração do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza e conta com o contributo da tecnologia” no sentido de uma alteração significativa da realidade atual.

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