O secretário executivo da ONU para as alterações climáticas, Simon Stiell, alertou hoje que sem a cooperação climática das Nações Unidas o mundo caminhava para um aquecimento global de cinco graus, “um futuro impossível”.
“Imperfeitas, sim, mas as últimas COP deram resultados concretos e representaram avanços a nível mundial. Sem a cooperação climática da ONU encaminhávamo-nos para um aquecimento de cinco graus celsius, um futuro impossível”, disse.
Hoje o mundo está “mais perto dos três graus”, o que ainda “é muito alto”, disse Stiel, acrescentando: “Mas estamos a dobrar a curva. No final deste ano veremos o quanto a próxima rodada de planos nos aproxima dos 1,5 graus”.
Falando na abertura da Semana do Clima de Nova Iorque, o responsável referia-se aos planos nacionais que os países devem apresentar para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE).
Os 1,5 graus referem-se aos graus celsius que os países de todo o mundo aprovaram como meta de aumento global das temperaturas em relação à época pré-industrial, que faz parte do Acordo de Paris sobre o clima.
Num discurso otimista, o responsável da ONU disse que se for ignorado o ruído “os factos mostram um mundo alinhado com o Acordo de Paris”, e disse que o investimento em energias renováveis aumentou dez vezes em dez anos.
“A transição para a energia limpa está em expansão em quase todas as principais economias e atingiu 2 biliões de dólares só no ano passado”, disse, lamentando que os benefícios não sejam partilhados por todos.
Hoje, destacou, mais de 90% das novas energias renováveis custam menos do que a opção fóssil mais barata.
Ainda assim, acrescentou, é preciso “acelerar o passo”, porque as catástrofes climáticas estão a atingir cada vez mais fortemente todas as economias e sociedades a cada ano que passa.
Simon Stiell apontou que uma indústria limpa sustenta economias mais fortes, cadeias de abastecimento mais resilientes, custos mais baixos e emissões mais reduzidas, lamentou que não haja mais investimento, e considerou que a inteligência artificial deve ser olhada como um benefício, porque bem utilizada liberta a capacidade humana, não a substitui.
“O mais importante é o seu poder de impulsionar resultados no mundo real: gerir micro-redes, mapear riscos climáticos, orientar o planeamento resiliente. Isto é apenas o começo”, considerou.
O responsável da ONU salientou a importância de manter o mundo fortemente comprometido com o Acordo de Paris e totalmente empenhado na cooperação climática, “porque funciona”.
A Semana do Clima junta em Nova Iorque, até dia 28, responsáveis políticos e especialistas climáticos, mas também líderes do mundo dos negócios, da tecnologia e da sociedade civil.
Debate temas como a competição num mundo em mudança, a redução de custos ou a identificação de oportunidades e investimentos em tecnologias limpas.
Mas também se falará de novos modelos para a indústria, de energia e transportes, de sistemas alimentares e saúde, de agricultura sustentável, ou ainda dos grandes poluidores do planeta, do crescimento verde ou da próxima cimeira da ONU sobre o clima, a COP30.
Com iniciativas organizadas por variadas organizações a organização sublinha que são esperados esta semana mais de mil eventos.