A frase “o tiro ouvido em todo o mundo” é uma referência àquele em Lexington, Massachusetts, em 1775, que desencadeou a Guerra Revolucionária contra a Grã-Bretanha que conduziu à independência americana um ano mais tarde e, também comumente utilizado como o episódio do assassinato do Arquiduque Franz Ferdinand, que conduziu ao espoletar da I Guerra Mundial em 1914 – para fazer referência a eventos que têm uma ampla ramificação.
Interrogo-me se a bala que interrompeu vida de Charlie Kirk naquela fatídica noite de quarta-feira, 10 de setembro de 2025, terá de forma semelhante acendido o pavio para uma conflagração extremada.
Kirk, de 31 anos um americano conservador, influenciador, firme e inegável apoiante de Donald Trump, o qual, não desperdiçou tempo em marcar pontos políticos atribuindo o assassinato à política odiosa de esquerda.
O assassinato de Kirk não só chocou o país, chocou também os maiores oponentes e críticos de Charlie Kirk que expressaram com veemência o seu desgosto, catalogando aquele imprevisto como um ataque à mui estimada liberdade de expressão dos EUA.
O assassinato continua a ecoar pelo mundo inteiro com os conservadores a verem isto como um ataque à sua luta mais ampla contra políticas que consideram permissivas.
Este assassínio é um prenúncio do aumento constante da natureza fragmentada da política dos EUA e da intransigência dos extremistas, de ambos os lados, mas, também um lembrete de que é uma geração mais jovem que se encontra a conduzir o debate intelectual sobre o lado conservador da política global.
Kirk, um debatedor robusto, concebendo argumentos duros, mas, sempre educado com os seus adversários em vários fóruns da esquerda e que simultânea e frequentemente incentivava a “provem que estou errado”.
Tudo isto, enfatiza que defender as próprias convicções na esfera pública pode acarretar repercussões e riscos muito graves.
De forma quão abrupta como abjeta o mundo foi roubado, o que encerrou o diálogo, rejeitando a abertura e manchando ainda mais a sociedade.
Toda esta violência política que se constatou ampliam as ansiedades sobre a segurança de figuras públicas de ambos os lados do espetro ideológico.
Desde há décadas a esta parte, a política nos EUA tem sido assombrada pela violência.
Na década de 60, uma das décadas de grande turbulência social da história moderna dos EUA, assassinos balearam J.F. Kennedy, Malcom X, Martin Luther King Júnior, Robert F. Kennedy e o líder de direitos civis e políticos, Medgar Evers.
Nas décadas que se seguiram, os presidentes Gerald Ford e Ronald Reagan sobreviveram a atentados contra as suas vidas.
No ano passado, mais de 9.400 ameaças diretas e declarações preocupantes foram feitas contra membros do Congresso, suas famílias e funcionários, e contra o Capitólio, de acordo com a Polícia do Capitólio dos EUA que significa mais do que o dobro registado em 2017.
Ainda é demasiado cedo para se saber, se o assassinato de Charlie Kirk, o ativista de direita e fundador do grupo de jovens conservadores Turning Point USA, que algumas vezes manifestou os seus pontos de vista que poderiam ser considerados racistas ou islamofóbicos irá conduzir a uma espiral mais ampliada de violência política, mas, nunca lhe poderiam ter valido uma “sentença de morte” que poderá muito bem acarretar desfechos nefastos.
Resta a esperança de que a América tente aparta-se deste caminho atual de violência, pois não foi para isso que lutaram denodadamente em 1775.