O Milagre da escadaria B

Escrevo todos os anos por volta desta altura sobre o 11 de Setembro 2001, pois nunca nos poderemos esquecer do que se passou naquele dia.

O que ocorreu foi um atentado à vida civilizada, foi um atentado contra a evolução e o futuro, foi um atentado contra a união dos povos, foi um atentado contra a humanidade e à beleza da sua multiculturalidade, e foi acima de tudo um atentado contra a vida diária comum, como Jennieann Maffeo que à espera de um autocarro foi queimada viva pelo combustível do avião que embateu na torre norte (faleceu a 22 Outubro de 2001), ou por exemplo enquanto Jennieann aguardava por auxilio diferenciado das equipas de emergência e rezava um “Pai Nosso” com Ron Clifford, uma mãe de 45 anos com a sua filha de 4 anos, que tinham apanhado o United Airlines 175 para umas férias em Los Angeles, falecem, quando o avião colide com a torre sul (importa dizer que para fatalidade do destino a mulher e sua filha eram Ruth Clifford e Juliana McCourt, irmã e sobrinha de Ron Clifford). Este ataque liderado por Mohammed Atta, idealizado por Ramzi Yousef e financiado por Khalid Sheik Mohammed, é inconcebível, inexplicável e injustificável, é o vale tudo, para justificar o nada.

A baixa de Manhattan não era campo de guerra, mas de paz diária, não era local de ódio, mas de união (perderam a vida nos ataques, cidadãos de cerca de 90 países).

Apesar das imagens duras que perduram na memória daqueles que passaram pelo 11 de Setembro de 2001, hoje trago-vos uma estória de sobrevivência, de esperança, de união.

O 11 de Setembro de 2001 foi também ele palco de pequenos milagres, e demonstração clara que a luz vence as trevas, e mesmo que “os filhos das trevas sejam mais espertos que os filhos da luz” – Lucas 16:8, o mal, o ódio serão sempre vencidos pelo Amor e pelo caminho do Bem, e quanto mais nos amarmos uns aos outros, quanto mais nos dermos com renuncia espontânea do interesse, da vontade e da conveniência própria, quanto mais altruístas formos, esse bem maior pelo qual nos demos, terá a sua retribuição devida em Amor.

A 11 de Setembro de 2001, após o embate dos dois aviões nas torres gémeas, os Bombeiros de Nova Iorque – FDNY – assumiram o papel que lhes foi concedido pela a História, a de Heróis sem capa, subir as torres de 110 andares com equipamento com peso nunca inferior a 23Kg, quando todos fugiam, e sabendo eles que correriam para a morte, os vídeos captados quando estes reuniam equipamento e preparavam a subida mostravam expressões de quem sabia que não voltaria a ver os seus entes queridos, e mesmo assim eles subiram.

A “Escada 6” chegou ao piso 27 às 9h59m quando sentiu um forte abalo no prédio e um estrondo, a Torre Sul acabara de desmoronar, e é emitido um alerta via rádio para evacuar a torre norte. Os elementos da “Escada 6” apressam a sua descida e encontram no 20º andar uma figura feminina imóvel, não obstante a premência de evacuar o edifício, foram avaliar e encontraram Josephine Harris uma afro americana de 59 anos com um problema numa perna, que teria descido já cerca de 50 andares, levaram-na com eles, mas o passo era lento (deixaram passar imensa gente à sua frente) e quando chegam entre o 4º e o 5ª andar Josephine Harris exausta para, forçando quem a auxiliava a parar, eram 10h28m e a Torre Norte desmorona, mais de 90 andares por cima deles a compactar em segundos, todos os que se encontravam acima e os que estavam abaixo morreram, mas milagrosamente aquela secção da escadaria B criou um poço e 3h depois foram todos resgatados com vida. Os Bombeiros da “Escada 6” afirmam que só sobreviveram porque encontraram Josephine Harris e porque ela parou naquele exacto local.

Josephine Harris faleceu em 2011 aos 69 anos de paragem cardíaca, e os mesmos bombeiros que estavam com ela na Torre Norte, carregaram o seu caixão.

24 anos passados, mas a memória perdura, 11 de Setembro de 2001.

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