Papa Leão XIV critica perda de multilateralismo da ONU e ganância dos mais ricos

Críticas do Papa no dia em que celebra o 70.º aniversário.

O Papa Leão XIV deixou críticas à Organização das Nações Unidas (ONU) e às crescentes diferenças entre ricos e pobres, promovidas pelas grandes empresas, na primeira entrevista concedida desde que foi nomeado

No dia em que o Papa Leão XIV celebra 70 anos, o jornal norte-americano ‘Crux’ e o jornal peruano ‘El Comercio’ divulgaram excertos da primeira entrevista ao pontífice.

“Infelizmente, parece reconhecer-se que as Nações Unidas, pelo menos neste momento, perderam a sua capacidade para o multilateralismo” em situações de crise que obrigam ao diálogo, considerou Leão XIV, acrescentando que estes são “tempos em que a polarização parece ser uma das palavras do dia, mas isso não está a ajudar ninguém”.

Em relação à guerra que se vive na Ucrânia, e qual a possibilidade de ser o Vaticano a mediar as conversas entre Kiev e Moscovo, o Papa Leão XIV adiantou que “não é muito realista” olhar para a Santa Sé como uma figura de mediação, mas antes como defensor da paz.

O Papa Leão XIV disse estar “muito consciente das implicações de considerar o Vaticano como um mediador” e recordou as vezes em que o Vaticano se ofereceu para sediar reuniões de negociações entre a Rússia e a Ucrânia – quer no Vaticano, quer noutra propriedade da Igreja.

“A Santa Sé, desde que começou a guerra, tem-se esforçado muito para manter uma posição verdadeiramente neutra”, admitiu, sublinhando que “diferentes atores têm de pressionar o suficiente para que as partes em guerra digam: ‘já chega, vamos encontrar outra forma de resolver as nossas diferenças’”.

Fazendo referência às “mortes inúteis de ambos os lados” – quer no conflito na Ucrânia, quer noutros -, o Papa Leão XIV disse acreditar “que as pessoas devem de alguma forma ser despertadas para dizer que existe outra via para resolver a questão”.

Além dos conflitos que o mundo atravessa, a entrevista tocou também noutros assuntos, como a distribuição de riqueza a nível mundial, com Leão XIV a sublinhar “o crescente abismo entre a renda da classe trabalhadora e a dos ricos”.

“CEOs que há 60 anos talvez ganhassem mais quatro a seis vezes do que os trabalhadores, segundo os últimos dados que vi, ganham agora 6.600 vezes mais do que um trabalhador médio”, afirmou.

Para exemplificar estas diferenças, o Papa utilizou o caso de Elon Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, que “será o primeiro trilionário do mundo”.

“Se esta é a única coisa que tem valor, então temos um grande problema”, acrescentou na entrevista, citada pelo ‘site’ oficial de notícias do Vaticano, Vatican News.

O Papa Leão XIV celebra hoje 70 anos, e agradeceu, na oração dominical do Angelus, no Vaticano, as felicitações e as orações dos fiéis.

“Meus queridos, parece que sabem que hoje completo 70 anos”, disse Leão XIV, a partir da janela do Palácio Apostólico, vendo várias faixas dos fiéis que estavam na praça de São Pedro com mensagens de feliz aniversário.

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