Número de idosos portugueses carenciados aumenta na Venezuela

O número de portugueses idosos a passar dificuldades de sobrevivência está a aumentar na Venezuela, alertou a presidente da Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas (SBDP), sublinhando que muitos compatriotas têm vergonha que se saiba das dificuldades que enfrentam.

“Cada vez recebemos mais [compatriota carenciados] e cada vez mais pessoas batem à nossa porta a pedir ajuda, pessoas idosas que chegam ao fim da vida e não conseguem sustentar-se, porque já não podem trabalhar e não conseguem ter uma vida digna”, afirmou.

Lucecita Fernandes falava à Agência Lusa na quarta-feira, à margem de uma jornada de atenção a pessoas em dificuldade, que decorreu na sede da SBDP, em Caracas, capital do país.

A mesma responsável afirmou ainda que “a vergonha” é um sentimento que acompanha cada vez mais portugueses carenciados, principalmente anciãos.

“Alguns chegam a contar o que eram, como era, e que agora a vida não é a mesma. Chegam também muitas pessoas com depressão por terem de pedir ajuda. O nosso dever é fazer com que cada visita a esta instituição seja o mais agradável possível e que as pessoas partam, pelo menos, mais reconfortadas, melhor do que quando chegaram”, disse.

Lucecita Fernandes informou que durante a jornada foram entregues cabazes de alimentos e ‘kits’ de higiene pessoal a 144 famílias luso-venezuelanas carenciadas e foram ainda entregues medicamentos a outras 206 pessoas.

Questionada sobre se a instituição que dirige precisa de apoio para poder atender o número crescente de carenciados, a responsável disse que a SBDP está a programar eventos de angariação de fundos.

“Temos de fazer mais eventos, cada vez mais. As ‘damas’ trabalham muito. Fazemos almoços, rifas e bingos. Também pedimos ajuda aos empresários portugueses, que apesar das dificuldades continuam a ser solidários. Tem sido um trabalho de muita perseverança e do dia-a-dia; mas fica a satisfação de cada jornada, de que as pessoas possam levar algo para casa e viver um bocadinho melhor”, disse.

Fernandes sublinhou ainda que “a solidariedade é importante em qualquer comunidade” na Venezuela e que “cada pessoa pode contribuir com algum gesto para aliviar a vida de outra pessoa”.

Na Venezuela, país em crise política, económica e social, desde há vários anos, residem oficialmente quase 600 mil portugueses, um número que a própria comunidade diz estar aquém da realidade, apontando que são mais de um milhão, se incluídos os lusodescendentes.

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