Israel avisou hoje que os seus inimigos “não têm onde se esconder”, um dia depois do ataque israelita contra responsáveis do grupo islamita palestiniano Hamas, em Doha, que provocou descontentamento no Governo dos Estados Unidos.
“A política de segurança de Israel é clara: o seu longo braço vai agir contra os seus inimigos, onde quer que estejam. Não há onde se esconder”, afirmou hoje o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, na rede social X.
“Se os assassinos e violadores do Hamas não aceitarem as condições impostas por Israel para o fim da guerra, principalmente a libertação de todos os reféns e o seu desarmamento, serão destruídos e Gaza será destruída”, acrescentou.
De acordo com Katz, “todos os envolvidos no massacre de 07 de outubro serão levados à Justiça” e “todos que pratiquem atos de terrorismo contra Israel serão atingidos”.
O ataque do Hamas contra território israelita, em 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos, a maioria civis, e perto de 250 reféns, desencadeou a guerra em curso na Faixa de Gaza.
Um ataque aéreo israelita visando o chefe da delegação de negociadores do Hamas, Khalil al-Hayya, em Doha, no Qatar, fez na terça-feira pelo menos seis mortos, segundo o movimento islamita palestiniano e as autoridades qataris.
A Presidência norte-americana afirmou na terça-feira que os Estados Unidos alertaram o Qatar sobre o ataque iminente de Israel contra responsáveis do Hamas em Doha, mas as autoridades qataris reclamam que só foram avisadas depois.
Após os ataques de Israel a Doha, o Presidente norte-americano, Donald Trump, conversou com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e com o emir do Qatar, xeque Tamim bin Hamad al-Thani, revelou a porta-voz do executivo dos EUA, Karoline Leavitt.
“Estou muito descontente”, disse Trump na noite de terça-feira, após o ataque.
O primeiro-ministro do Qatar, Mohammed Bin Abdulrahman al-Thani, sublinhou na terça-feira à noite que o ataque israelita aos representantes do Hamas em Doha “viola toda a moralidade”, alertando que o seu país reserva o direito de responder firmemente à “agressão flagrante”.
O Governo do Qatar confirmou que Israel tinha atacado uma reunião de “vários membros do gabinete político do Hamas”, num edifício residencial. O Hamas sublinhou, em comunicado, que cinco dos seus membros foram mortos no ataque israelita em Doha, embora nenhum deles fizesse parte da sua delegação para as negociações.
Um membro das forças de segurança do Qatar também morreu, segundo o Ministério do Interior do Qatar, enquanto vários agentes de segurança do Qatar ficaram feridos.
A operação israelita em Doha foi condenada pela unanimidade dos países da região e pode ameaçar os esforços de paz promovidos por Estados Unidos, Egito e Qatar.
O embaixador israelita na ONU, Danny Danon, declarou hoje à rádio israelita 103 FM que o seu país nem sempre age segundo os interesses do seu maior aliado, os Estados Unidos.
“Nem sempre agimos segundo os interesses dos Estados Unidos. Coordenamo-nos [com Washington], os norte-americanos dão-nos um apoio incrível, nós apreciamos, mas por vezes tomamos decisões e informamos os Estados Unidos”, disse Danon.
O ataque israelita a Doha “não foi um ataque ao Qatar, foi um ataque ao Hamas”, e “essa decisão foi a correta”, acrescentou o embaixador israelita.