Na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Brentwood Park, Benoni, realizou-se, ontem, a Festa do Santíssimo Sacramento que constituiu uma profunda manifestação de fé, o que evidenciou bem as crenças religiosas da nossa gente.
Com a igreja apinhada de fiéis foi prestada uma homenagem a um benfeitor da nossa Comunidade, o atual presidente da Confraria do Santíssimo Sacramento, pelos 50 anos de membro desta irmandade portuguesa religiosa, enraizada no catolicismo que desempenha desde a sua fundação há 77 anos, uma função social e distinta.
A fundação desta confraria foi feita por um grupo de 12 emigrantes, portugueses, naturais da Ilha da Madeira emigrados na África do Sul.
Desde então até ao presente os destinos desta confraria estiveram nas mãos de presidentes pessoas nascidas na Ilhada Madeira.
Manuel de Sousa Rodrigues Bairos, 68 anos, natural da freguesia do Estreito a Calheta filho de Manuel Bairos e de Conceição Bairos, casado com Deolinda Fátima Atouguia, entrou para esta confraria em 1975 com a idade de 18 anos e é hoje o 6º presidente da Confraria, ocupando este cargo há 17 anos.
Manny, a forma afetiva como é tratado, chegou à África do Sul em 1958, tendo assentado praça no Batalhão de Paraquedistas da Força Aérea da Africa do Sul, Bloemfontein, tendo sido mobilizado para uma zona de intervenção militar.
Naturalmente, informou os familiares de que havia sido mobilizado para prestar serviço numa frente de combate, o que gerou como é natural grande apreensão para os seus progenitores.
Sua mãe, Conceição de Jesus Bairos, uma crente fervorosa, quando foi informada pelo filho sobre a sua mobilização imediatamente, começou as suas preces e promessas aos céus para que ele fosse protegido e voltasse são e salvo e que, se assim fosse, uma das promessas feitas foi de que ele iria integrar, ser irmão da Confraria do Santíssimo Sacramento.
Volvidos alguns anos e em vésperas de partida, as autoridades militares haviam tomado conhecimento que o pai deste militar paraquedista em prontidão de combate tinha sofrido um percalço e estava com dificuldades de locomoção, a ordem de mobilização foi cancelada passando à situação de disponibilidade.
Manuel, de regresso à casa paterna, imediatamente, narrou aos pais o que aconteceu e uma das promessas feitas pela mãe foi cumprida; que o seu filho passasse, imediatamente, a fazer parte da confraria. E assim foi de paraquedista para confrade.
Esta confraria de raiz católica, é, de acordo com Manny Bairos a maior de todo o continente africano
Ontem, Manuel Bairos fez saber ao JM que usa a mesma opa (capa vermelha sem mangas) que vestiu pela primeira vez há 50 anos e está em perfeito estado de conservação conforme o JM teve oportunidade de testemunhar
Manuel Bairos tem pautado a sua vida empenhado pela sua congregação, onde a solidariedade e sentido de ajuda a compatriotas menos privilegiados ou doentes, não é palavra vã.
Gerindo de forma louvável as obras de manutenção desta igreja portuguesa, assume a responsabilidade de alguns conflitos legais e eclesiásticos e está em contacto com o Bispo da Diocese de Joanesburgo para assuntos de interesse para a igreja e da vasta comunidade católica que frequenta a “Igreja dos Portugueses” como é conhecida, onde o maior número de fiéis são pessoas oriundas ou com origens na Região Autónoma da Madeira.
Manuel Bairos recebeu os cumprimentos de uma multidão agradecida por tudo o que tem feito, especialmente, na manutenção e preservação do edifício da igreja e dos eventos de caridade que organiza em prol do templo ou para fundos que se destinam à igreja.
Presentes à cerimónia zeladores e zeladoras e mais de 400 confrades e centenas de fiéis que aplaudiram calorosamente as placas comemorativas dos 50 anos vocacionados à causa da Confraria a que atualmente preside e é a mais numerosa de todas no continente africano.
Seguiu-se um espetáculo de variedades de com música portuguesa com a exibição de um rancho folclórico e artistas portugueses, comes e bebes e um convívio alegre e são numa festa portuguesa bem organizada.