O JPP reage “com profunda indignação” à notícia avançada pelo Expresso, que denuncia alegadas pressões para facilitar o acesso ao curso de Medicina na Universidade do Porto, com a conivência do próprio Ministério da Educação, através da abertura de vagas extraordinárias.
Para o deputado único Filipe Sousa, esta situação é “inaceitável e vergonhosa”, representando mais um episódio da cultura enraizada da “cunha descarada” e do “compadrio”, em detrimento do mérito e competência, atitudes que minam as instituições públicas e destrói a confiança dos cidadãos.
“Enquanto milhares de jovens e as suas famílias se sacrificam todos os anos, estudando arduamente para conquistar uma vaga num curso de Medicina, assistimos, mais uma vez, a pressões de bastidores, oriundas de figuras do aparelho de Estado, feitas ao arrepio das regras e da ética. Isto não é meritocracia, isto é uma afronta àqueles que acreditam na justiça e na igualdade de oportunidades”, afirma o parlamentar.
O JPP lembra que esta situação é “particularmente grave para os estudantes da Madeira, que enfrentam custos acrescidos com as deslocações, alojamento e propinas, além de viverem longe das suas famílias”. “Estes jovens já partem em desigualdade de circunstâncias, pelo que é absolutamente revoltante, trabalham para conseguirem as notas de que precisam e muitas vezes não conseguem, para agora verem outros estudantes entrarem no curso não por mérito, mas pela porta da cunha oficial, isto devia ser investigado e ter consequências políticas”, frisa.
“Na Madeira, as famílias fazem verdadeiros sacrifícios para que os seus filhos possam estudar no continente, onde a oferta é maior. Quando, após anos de dedicação, estes jovens ficam de fora porque alguém, com poder político, arranjou vagas pela porta do cavalo, isso não é apenas injusto — é cruel. É uma bofetada na cara da Região e uma humilhação para quem acredita que o mérito deve prevalecer”, insurge-se Filipe Sousa.
O JPP defende, deste modo, que o ensino superior deve pautar-se por critérios de transparência, rigor e mérito, sem interferências políticas ou favorecimentos pessoais. Filipe Sousa considera que este tipo de práticas “não apenas prejudica os estudantes de excelência, como corrói a credibilidade do sistema educativo e universitário português.”
“Se estas alegações se confirmarem, estamos perante um escândalo nacional. Não podemos aceitar que cargos políticos ou interesses obscuros ditem quem entra ou não num curso de Medicina”, afirma. “É urgente uma investigação independente e, acima de tudo, é urgente acabar com esta promiscuidade entre política e educação.”
O JPP exige, assim, que o Ministério da Educação esclareça publicamente estas denúncias e que o Governo atue de forma imediata para garantir que a abertura de vagas e o acesso ao ensino superior sejam feitos de forma justa, transparente e exclusivamente baseados no mérito académico.
“Os portugueses do continente, Madeira e Açores, estão fartos desta política de favores, onde uns têm de lutar e outros entram pela porta do cavalo. Esta não é a República que prometemos aos nossos jovens e muito menos é o país que queremos construir”, conclui Filipe Sousa.