New York Times revela infiltração falhada em 2019 para instalar escutas a Kim Jong-un

Kim Jong-un na visita à China, onde se encontrou com Vladimir Putin.

O jornal The New York Times revelou hoje uma missão secreta falhada de forças especiais da Marinha norte-americana, que tentaram, em 2019, infiltrar-se na Coreia do Norte para colocar escutas nas comunicações do líder Kim Jong-un.

O jornal usou 20 fontes familiarizadas com a operação secreta durante o primeiro mandato do Presidente norte-americano, Donald Trump (2017-2021), e relata que elementos da Navy Seal Team 6 treinaram durante meses um plano para colocar um submarino nuclear em águas norte-coreanas, juntamente com dois minissubmarinos que navegariam ao largo da costa e deixariam os militares junto do alvo.

No entanto, encontraram um barco norte-coreano com um grupo de pessoas, que foram mortas a tiro por receio de que comprometessem a operação.

Mais tarde, perceberam que se tratava de pescadores civis, e não de militares. Ainda assim, esconderam os corpos no mar, para garantir que a Coreia do Norte não iria atribuir o sucedido a ações militares estrangeiras.

Temendo serem descobertos, os Navy Seals retiraram-se sem instalar equipamento eletrónico de escuta de última geração, concebido para intercetar as comunicações da elite norte-coreana, o que é extremamente difícil para os serviços de informações norte-americanos.

O objetivo era instalar um dispositivo eletrónico que permitisse escutas de Kim Jong-un em conversas de alto nível sobre o seu programa nuclear.

Além do encontro com a embarcação de pescadores, a operação enfrentou vários outros erros, que incluíram uma manobra incorreta de um dos minissubmarinos dos Navy Seals, tendo sido ainda realizada “às escuras”, sem apoio aéreo nem imagens em tempo real para que os militares das forças especiais não fossem descobertos.

Embora nem a Casa Branca nem o Pentágono tenhan confirmado a missão, fontes que trabalharam durante o primeiro mandato de Trump afirmam que a equipa do Presidente norte-americano temia um conflito com a Coreia do Norte, uma nação hostil com armas nucleares e que tecnicamente permanece em guerra com a Coreia do Sul.

Esta é a primeira vez que este acontecimento é noticiado, e os documentos permanecem confidenciais.

O The New York Times falou com duas dezenas de pessoas ligadas à operação, incluindo “funcionários civis do Governo, membros da primeira administração Trump e militares atuais e antigos com conhecimento da missão”.

Alguns destes testemunhos, que pediram anonimato, relataram que a operação requeria autorização de Trump e que o Congresso dos Estados Unidos não foi informado, violando a lei federal.

Quando o democrata Joe Biden assumiu a liderança da Casa Branca, em substituição de Trump, ordenou uma investigação independente a este caso.

Em 2021, a sua administração informou o órgão do Congresso responsável pelos assuntos militares, ainda que secretamente.

Após quatro anos afastado da presidência norte-americana, Donald Trump regressou ao poder em janeiro deste ano.

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