A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) afirmou hoje em comunicado desconhecer a existência de qualquer forma de pressão junto das pessoas envolvidas no processo de seleção de candidatos e, a confirmarem-se as alegações, repudia-as terminantemente.
O ministro da Educação, Ciência e Inovação recusou hoje ter pressionado o reitor da Universidade do Porto a admitir candidatos ao curso de Medicina de forma irregular, nem de ter sugerido qualquer solução que violasse enquadramento legal em vigor, em resposta às declarações do reitor da Universidade do Porto publicadas pelo Expresso que dão conta da existência de alegadas “pressões” para facilitar entradas no seu curso de Medicina por parte, alegadamente, de várias pessoas “influentes e com acesso ao poder”.
O jornal Expresso noticia hoje que o reitor da Universidade do Porto, António Sousa Pereira denunciou ter recebido pressões de várias pessoas “influentes”, sem querer adiantar nomes, para deixar entrar na Faculdade de Medicina 30 candidatos que não tinham obtido a classificação mínima na prova exigida no curso especial de acesso para licenciados noutras áreas.
“A FMUP desconhece a existência de qualquer forma de pressão junto das pessoas envolvidas neste processo de seleção de candidatos e, a confirmarem-se estas alegações, repudia-as terminantemente”, assinala a nota de imprensa.
No comunicado, a FMUP “lamenta ainda o facto de o reitor da Universidade do Porto não ter contactado previamente o diretor da FMUP para esclarecer este tema, antes de vir a público, criando desinformação e desacreditando o bom nome das instituições envolvidas, ou seja, da Faculdade de Medicina e da própria Universidade do Porto”.
A faculdade “lamenta também que, quando o reitor da U.Porto decidiu, de forma igualmente inesperada e unilateral, não homologar os resultados que lhe foram enviados pela Comissão de Seleção da Faculdade de Medicina, não tenha igualmente contactado diretamente com o seu responsável máximo, sugerindo-lhe designadamente que promovesse a alteração do regulamento”.
“Da mesma, forma, a FMUP lamenta que o semanário Expresso não tenha auscultado o diretor da FMUP no âmbito da construção dessa notícia, não tendo sido possível assegurar a existência de contraditório e de oportunidade para preservar a imagem e reputação públicas desta faculdade, que vemos assim injustamente afetadas. Na verdade, apenas o fez hoje de manhã, numa altura em que era já evidente esta matéria ser assunto de primeira página”, prossegue o comunicado.
A FMUP lembra que o mesmo reitor “já tinha homologado, em 2019, exatamente com o mesmo regulamento, a entrada de 37 candidatos com nota na prova de conhecimentos inferior a 14 valores” e que essa homologação “foi considerada legal pelo Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto” afirmando, por isso, “estranhar” que o reitor “assuma, desta vez, uma posição diametralmente oposta, prejudicando não só os candidatos que procuraram a mais reputada Escola Médica da Universidade do Porto, mas também o bom nome da faculdade e o da própria Universidade do Porto, insinuando uma série de inverdades mais próprias de um político do que de um Reitor”.
“Contrariamente à Reitoria da Universidade do Porto, a Faculdade de Medicina da U.Porto esteve desde sempre aberta a receber, de forma supranumerária, os candidatos aceites preliminarmente pela instituição, mas não aceites pela Reitoria da Universidade do Porto”, acrescenta-a FMUP que admite a “possibilidade de, involuntariamente, ter incorrido numa falha processual ao ter comunicado a todos os candidatos a ata final dos colocados, ainda antes da homologação do Reitor, para efeitos de pronúncia dos candidatos”.