Ucrânia: Kiev pede na ONU missão militar de forças aliadas contra agressão russa

“E precisamos de uma missão. De uma missão militar (...). Caso contrário, a guerra continuará”, disse a diplomata.

A vice-ministra dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Mariana Betsa, pediu hoje na Assembleia-geral da ONU uma “missão militar de forças aliadas no terreno” para enfrentar a invasão russa e pôr fim à guerra.

Mariana Betsa pediu também garantias de segurança juridicamente vinculativas, robustas e sólidas, à semelhança do “artigo 5.º da NATO”, que estabelece o princípio da defesa coletiva na Alianças Atlântica.

“E precisamos de uma missão. De uma missão militar, de um contingente militar de forças aliadas no terreno. Caso contrário, a guerra continuará”, disse a diplomata.

A vice-ministra apelou ainda para uma maior pressão global sobre a economia de guerra russa, defendendo que apenas essa pressão será capaz de pôr fim “à campanha de terror” de Moscovo, apoiada por países como Irão, Coreia do Norte, assim como por empresas chinesas, denunciou.

A Assembleia-geral da ONU reuniu-se para debater a “situação nos territórios temporariamente ocupados da Ucrânia”, tendo Mariana Betsa criticado a “audácia da Rússia”, de continuar a atacar maciçamente as cidades ucranianas enquanto alega procurar a paz.

“A estratégia russa para destruir a Ucrânia enquanto país, para destruir a Ucrânia enquanto nação, não mudou. E não deve haver ilusões sobre isso”, defendeu.

“Esta guerra não tem nada a ver com a chamada desnazificação, com a NATO ou quaisquer falsas preocupações de segurança. Esta guerra tem a ver com o regime autoritário da Rússia a perseguir ambições imperiais e a tentar apagar a identidade e a nação ucranianas”, acrescentou a diplomata.

Focando-se no impacto desta guerra nas crianças ucranianas, a vice-ministra referiu os milhares de menores que foram levados dos territórios temporariamente ocupados por Moscovo, naquela que afirmou ser a maior operação de sequestro estatal da história mundial.

“Um Estado que rapta e mata as nossas crianças não pode pretender agitar a bandeira da paz da ONU. A Ucrânia apela, por isso, à ONU para suspender a Rússia da operação de manutenção da paz da ONU”, pediu a diplomata.

Betsa também insistiu perante a ONU que a Ucrânia “nunca reconhecerá” os territórios ocupados pela Rússia e reiterou que o país “lutará pela integridade territorial e restauração”.

“Aconteça o que acontecer, a nação ucraniana é extremamente resiliente e lutará pela liberdade porque este é o único país que temos. (…) E deixem-me tranquilizá-los: a Rússia não está a ganhar. Ela não tem nenhum avanço estratégico em lado nenhum”, disse.

“Isso é propaganda e desinformação que a Rússia espalha. A Rússia não está a ganhar. A Ucrânia é capaz de vencer esta guerra se tiver a ajuda militar necessária, a defesa aérea e as garantias de segurança. Se a Rússia ficar impune, procurará expandir a guerra para o Ocidente e para outros países. Precisamos de aumentar o custo da agressão para a Rússia”, frisou.

O embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, respondeu à declaração ucraniana afirmando que os territórios ocupados da Ucrânia “são fruto da imaginação dos líderes do regime de Kiev” e são, na realidade, “novas entidades da Federação Russa que se tornaram parte do país após o voto livre dos residentes”.

Nebenzya também acusou o Estado vizinho de ser um “regime nazi” que seguiu “uma política deliberadamente russofóbica” e que chegou ao poder com apoio ocidental.

No entanto, garantiu que a Rússia continua disposta a participar em negociações políticas e diplomáticas para pôr fim à guerra, mas indicou que, para que a paz seja “verdadeiramente duradoura”, deve levar em conta “as novas realidades territoriais que emergiram após a Crimeia e outras quatro regiões se tornarem parte” do país.

No debate participou também o embaixador de Portugal junto da ONU, Rui Vinhas, que indicou que os recentes ataques em grande escala lançam sérias dúvidas sobre a vontade de Moscovo se envolver construtivamente nos esforços de paz.

Portugal admitiu igualmente profunda preocupação “com a política deliberada da Rússia de deportação forçada e adoção ilegal de crianças ucranianas”, apelando para o regresso.

Rui Vinhas afirmou ainda que Portugal está pronto para continuar a prestar apoio à Ucrânia, incluindo a nível militar, de forma a garantir que Kiev tenha as capacidades necessárias para se defender.

Leave a comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *