Ucrânia: Macron declara que países europeus estão prontos para garantias de segurança

Zelensky está em Paris a preparar o encontro que terá esta quinta-feira com Trump e com os países que formam a Coligação dos Dispostos.

O Presidente francês, Emmanuel Macon, recebeu hoje o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Paris e indicou que os países europeus estão prontos para prestar garantias de segurança exigidas por Kiev para um acordo de paz com a Rússia.

“A Europa está presente, pela primeira vez, com este nível de empenho e intensidade”, disse o Presidente francês aos jornalistas no Palácio do Eliseu, na véspera da reunião da Coligação dos Dispostos, que juntará em Paris e por videoconferência os líderes de cerca de 30 países aliados de Kiev, incluindo Portugal.

Segundo Macron, “o trabalho preparatório está concluído” e foi desenvolvido “de forma extremamente confidencial”, permanecendo a questão de “determinar a sinceridade da Rússia e dos seus sucessivos compromissos ao propor a paz” aos Estados Unidos, que têm atuado como principal promotor das conversações entre as partes.

Após a reunião da Coligação dos Dispostos, copresidida por França e Reino Unido, deverão ser conhecidos os detalhes das garantias de segurança que os países envolvidos estão disponíveis para oferecer a Kiev, como forma de evitar uma nova agressão russa em caso de acordo de paz.

O Presidente francês duvida, no entanto, “da sinceridade dos russos” nas suas discussões com Washington sobre um processo de paz para a guerra iniciada pelo Kremlin em fevereiro de 2022.

Do mesmo modo, Zelensky observou que ainda não viu “qualquer sinal” de que a Rússia pretenda pôr fim à invasão do seu país.

O líder ucraniano manifestou por outro lado confiança de que a Europa e os Estados Unidos ajudarão Kiev a “aumentar a pressão sobre a Rússia para que avance para uma solução diplomática”, quando os países europeus ameaçam aplicar novas sanções a Moscovo.

No final da reunião, está prevista uma conversa dos presidentes francês e ucraniano e outros líderes europeus com o chefe de Estado norte-americano, Donald Trump.

Em declarações hoje na China, o Presidente russo, Vladimir Putin, disse que vê “alguma luz ao fundo do túnel” em relação a um acordo para o conflito na Ucrânia, mas avisou que Moscovo alcançará os seus objetivos militares se as negociações falharem.

“Parece-me que há alguma luz ao fundo do túnel”, declarou Putin em conferência de imprensa em Pequim onde participou nas comemorações do 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial.

O líder do Kremlin ressalvou que é preciso esperar para ver como “a situação evolui”, e advertiu que, se as negociações falharem, Moscovo insistirá na via militar até alcançar todos os seus objetivos.

Na mesma conferência de imprensa, indicou estar disposto a reunir-se com o homólogo ucraniano, mas impôs que o encontro decorra na capital russa.

“Se Zelensky estiver pronto, que venha a Moscovo e esse encontro terá lugar”, declarou.

Em reação, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andriy Sybiga, já respondeu que o desafio de Putin é inaceitável.

“Há outras propostas sérias e o Presidente Zelensky está pronto para que a reunião se realize a qualquer momento”, comentou o chefe da diplomacia ucraniana na rede social X, referindo que pelo menos sete países se ofereceram para acolher um eventual encontro com o homólogo russo.

Antes da chegada à capital francesa, o Presidente ucraniano esteve hoje em Copenhaga, onde os países nórdicos e bálticos lhe manifestaram a intenção de aumentar o apoio militar a Kiev, embora sem novos compromissos concretos.

“Vamos intensificar o apoio militar à Ucrânia. Salientamos a necessidade urgente de acelerar o fornecimento de armas, munições e sistemas de defesa aérea”, referiu o comunicado conjunto da reunião realizada na capital dinamarquesa.

O comunicado apoia a iniciativa dos aliados de financiamento da aquisição de armas aos Estados Unidos para entrega a Kiev e reitera que não devem ser impostos limites às atividades das forças armadas ucranianas.

O conjunto de países nórdicos e bálticos, conhecido como grupo NB8, reafirmou ainda o seu compromisso de criar garantias de segurança sustentáveis para a Ucrânia, em estreita cooperação com Washington, e rejeitou que a Rússia possa vetar “o caminho da Ucrânia para a União Europeia (UE) e a NATO”.

“O Presidente e o seu povo lutam todos os dias e são vocês que protegem a Europa contra a agressão russa”, transmitiu a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, a Zelensky, em conferência de imprensa, lamentando que Putin não seja “de confiança”.

Ao fim de mais de três anos da invasão russa da Ucrânia, as propostas para um acordo de paz entre Moscovo e Kiev têm fracassado, apesar das iniciativas do Presidente norte-americano para aproximar as partes.

Putin exige que a Ucrânia ceda territórios e renuncie ao apoio ocidental e à adesão à NATO, condições que Kiev considera inaceitáveis, reivindicando pelo seu lado um cessar-fogo imediato como ponto de partida para um acordo de paz, a ser salvaguardado por garantias de segurança.

O grupo NB8 é constituído por Dinamarca, Estónia, Finlândia, Islândia, Letónia, Lituânia, Noruega e Suécia.

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