Trump disponível para aumentar presença militar dos Estados Unidos na Polónia

Presidente da Polónia recebido hoje na Casa Branca.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, recebeu hoje na Casa Branca o novo homólogo da Polónia, Karol Nawrocki, e declarou disponibilidade para reforçar a presença militar dos Estados Unidos no país aliado da NATO e vizinho da Ucrânia.

“Colocaremos mais [militares], se eles quiserem”, afirmou Trump, junto do líder nacionalista polaco na Sala Oval, acrescentando: “Vamos ficar na Polónia. Estamos muito alinhados com a Polónia”.

Em resposta, Nawrocki comentou que a presença de mais de 10 mil soldados norte-americanos no seu país “sinaliza ao mundo e também à Rússia” a união entre Varsóvia e Washington.

Salientou igualmente que a Polónia não é um “viajante clandestino” na NATO, referindo-se ao valor despendido em defesa e que se aproxima dos 5% do Produto Interno Bruto (PIB) exigidos por Trump aos membros da Aliança Atlântica.

A primeira viagem de Nawrocki ao estrangeiro desde que iniciou o seu mandato, no mês passado, acontece depois de Trump se ter envolvido nas eleições de um país aliado de longa data, apoiando o historiador independente, que foi endossado pelo partido nacionalista Lei e Justiça (PiS), atualmente na oposição.

Antes da reunião, aviões de combate norte-americanos F-16 e F-35 sobrevoavam a Casa Branca, numa rara demonstração aérea num local sujeito a elevadas restrições, que, segundo a presidência norte-americana, foi uma forma de homenagear um piloto polaco morto recentemente e um ato simbólico das relações entre os dois países.

Maciej Krakowian, conhecido por “Slab”, tinha 37 anos e morreu no dia 28 de agosto quando o F-16 que pilotava se despenhou durante os preparativos para um espetáculo aéreo na Polónia.

Na Sala Oval, Karol Nawrocki agradeceu a Trump pelo seu apoio e aproveitou para saudar os milhões de norte-americanos com ascendência polaca nos Estados Unidos.

“Estas relações são muito importantes para mim, para a Polónia, para os polacos”, disse o novo chefe de Estado, que associou os laços entre os dois países à partilha de valores de independência e democracia.

Trump disse estar orgulhoso por ter apoiado Nawrocki e elogiou a sua vitória nas presidenciais, realizadas em junho, que o candidato nacionalista ganhou à tangente à segunda volta ao autarca de Varsóvia, o liberal pró-europeu, RafaÅ‚ Trzaskowski, que era apoiado pelos partidos da coligação governamental.

“Foi uma disputa muito difícil, uma disputa muito difícil, e ele ganhou-os a todos. E ganhou-os a todos com muita facilidade, e agora tornou-se ainda mais popular à medida que o foram conhecendo e conhecendo melhor”, comentou o líder norte-americano.

É expectável que o encontro dos dois chefes de Estado seja focado em temas de segurança, com destaque para a guerra na Ucrânia e a presença militar dos Estados unidos em território polaco.

Na sua tomada de posse, Karol Nawrocki destacou a importância da aliança da Polónia com os Estados Unidos e prometeu que o seu país desempenharia um papel ativo na NATO, mas sem mencionar a Ucrânia.

O novo chefe de Estado é bastante crítico do atual Governo polaco pró-europeu, liderado pelo centrista liberal Donald Tusk, e espera-se uma convivência tensa entre ambos, na medida em que Nawrocki tem poder de veto e já o usou para bloquear o prolongamento da assistência social a refugiados ucranianos.

Embora os presidentes polaco e norte-americano estejam na mesma sintonia ideológica, os seus interesses estratégicos podem implicar diferenças.

Varsóvia, atualmente o país da NATO que mais investe em defesa (com uma meta de 4,8% do PIB para este ano) deseja que os Estados Unidos mantenham uma forte presença militar no país, que também tem sido um forte apoiante de Kiev desde a invasão russa em fevereiro de 2022.

O Presidente norte-americano tem pelo seu lado condicionado o apoio militar a esforços financeiros ou comerciais dos países envolvidos e afastou-se da narrativa do seu antecessor na Casa Branca, o democrata Joe Biden, de imputar a Moscovo o início do atual conflito.

Na campanha para as presidenciais, Nawrocki, que era diretor do Instituto da Memória Nacional, mostrou-se muito crítico em relação à Rússia, que considera “um estado bárbaro, cruel e que devia ser isolado”, mas avisou que se vai recusar a enviar tropas polacas para a Ucrânia, bem como apoiar as aspirações de Kiev de integração na NATO

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