Os armadores da ilha açoriana da Terceira receberam hoje com satisfação a reabertura da pesca do goraz, que estava proibida, e que levou à paragem de 70 barcos, disse o presidente da Associação Terceirense de Armadores.
A Lotaçor, que gere as lotas dos Açores, informou hoje que a pesca do goraz na ilha Terceira será retomada a partir das 23h59 locais (mais uma hora em Lisboa) de hoje.
“Tendo em conta o ajuste dos quantitativos capturados de goraz (pagellus bogaraveo) relativos ao segundo semestre de 2025, efetuados pelas embarcações da ilha Terceira, […] a secretaria Regional do Mar e das Pescas informa que a partir das 23:59 do dia 03 de setembro de 2025, fica sem efeito a proibição de captura, manutenção a bordo, transbordo, desembarque, transporte, armazenamento, exposição e colocação à venda de exemplares desta espécie”, lê-se na nota publicada na página da Internet e nas redes sociais da Lotaçor.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da Associação Terceirense de Armadores, Paulo Melo, disse que a decisão, que atribui uma quota de cerca de 19 toneladas, é “muito importante para a parte piscatória”, porque permite que os armadores possam retomar a atividade.
“Acabámos de receber a quantidade de quota que vem para a ilha. Amanhã [quinta-feira] vamos ter uma reunião com os associados todos, [para decidir] como é que a gente vai tentar resolver o problema”, disse.
Segundo Paulo Melo, as diligências feitas nas últimas semanas junto da Secretaria Regional do Mar e das Pescas dos Açores “valeu a pena”, indicando que, no mínimo, estavam “70 barcos parados na ilha Terceira”, por não poderem pescar goraz.
O cenário era “muito complicado” para armadores e pescadores, porque muitos têm despesas mensais relacionadas com pagamento de rendas de casa, automóveis e alimentação, entre outras.
O dirigente salientou que o setor da pesca do goraz estava parado na ilha Terceira e, a manter-se, o que aconteceria era que iriam “todos para o fundo de desemprego”.
Na semana passada, a Associação Terceirense de Armadores chegou a exigir a demissão do secretário regional do Mar e das Pescas, na sequência da rejeição de alfonsim atirado ao mar, e o presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, em declarações à RTP-Açores, afirmou que mantinha a confiança pessoal e política no governante.
“É isso que eu tenho a dizer ao Governo Regional. Que o demita [Mário Rui Pinho] o mais rápido possível para que as pescas andem para a frente. Não andam para a frente por causa do secretário das Pescas que temos”, acusou Paulo Melo.
O armador terceirense reagia às críticas feitas por Mário Rui Pinho, que não gostou de ver os pescadores daquela ilha a devolverem ao mar dezenas de exemplares de alfonsim, capturados acidentalmente, e rejeitados por já não existir quota suficiente atribuída para a captura daquela espécie.
O secretário regional do Mar e das Pescas lembrou que foi a União Europeia quem determinou a aplicação de quotas e taxas para as várias espécies de peixe que são capturadas nos Açores, e que ao Governo Regional compete apenas gerir as quotas, em parceria com as associações de pesca.
No sábado, o líder do Chega/Açores, José Pacheco, no final de uma reunião com pescadores do porto de São Mateus, em Angra do Heroísmo, Terceira, adiantou que o partido vai apresentar uma resolução ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) para que, até final do ano, seja aberta “a quota regional para todos”.
“Eles [pescadores] estão a apanhar 80 toneladas, nós podemos ir até 150 toneladas. […] Porque é que se está a restringir?”, questionou.
Na sua opinião é possível transferir as toneladas de pesca ainda disponíveis na região “para as ilhas todas” e “criar um equilíbrio”.
“Nós somos uma única região, chama-se Açores. Não há aqui ilha A, ilha B, ilha C. Quando o pescador das Flores estiver feliz e o pescador de Santa Maria estiver feliz, o pescador de São Miguel tem que estar feliz também e o da Terceira também”, afirmou José Pacheco.