Façamos a nossa parte

Decorreu na passada segunda-feira a minha última Assembleia de Freguesia, na freguesia do Imaculado Coração de Maria. Salvo algum imprevisto, esta terá sido a última reunião do mandato 2021-2025, colocando um ponto final na minha participação enquanto eleito do Partido Socialista neste órgão. A democracia tem, de facto, esta virtude, permite que qualquer cidadão, se assim o desejar, intervenha na vida política, independentemente da sua condição social, económica ou familiar.

Quem já passou por uma Junta ou Assembleia de Freguesia sabe o quão importante é haver pessoas disponíveis para esta colaboração. Não se trata de tachos ou tachinhos, nem de vergonha ou corrupção, como tanto gostam de insinuar os partidos populistas; trata-se de um trabalho meritório, genuinamente cívico, que raramente é reconhecido.

Nos últimos anos preocupa-me constatar como a nossa sociedade se tem tornado mais egoísta. É verdade que houve quem se expusesse a críticas em certos aspetos e, por isso, todos são agora nivelados pela mesma bitola. Mas isso não justifica o rumo que está a ser seguido, com a ascensão de partidos populistas sem pudor em invocar ordens divinas ou encenar números de teatro, num cenário de terra queimada. Esse é um caminho perigoso e oportunista, que nos coloca uns contra os outros, à semelhança do Estado Novo.

Não devemos esquecer que é em liberdade que podemos criticar, mas criticar implica também saber ouvir e compreender, mesmo quando não corresponde ao que desejamos. Assim é a Democracia, e é esse o paralelismo que encontro ao nível das freguesias. Apesar das diferenças e de visões distintas sobre a execução, existe em regra um elevado grau de compreensão e de tolerância que permite uma convivência pacífica.

Mas temo que isto esteja a mudar. Preocupa-me a ascensão dos partidos populistas, que procuram passar por guardiões da moral e dos bons costumes, mas que, quando espremidos, regressam sempre aos mesmos temas, a corrupção e imigração. Insinuam que são os maiores problemas da sociedade e prometem resolvê-los em poucos dias. Faz lembrar a campanha de Trump. Pergunto: estão hoje os Estados Unidos melhores do que estavam? Está o mundo mais seguro depois do impacto das suas políticas internacionais? A resposta é evidente: estamos todos mais inseguros. O mesmo se passa na Europa, onde a extrema-direita populista cresce, dividindo-nos e fragilizando aquilo que mais nos fez evoluir enquanto europeus, a tolerância e a diversidade. É triste ver que caminhamos para um conflito entre povos, com o pé no acelerador rumo ao abismo.

Perante isto, é urgente refletirmos no que queremos para o futuro. Cada um deve agir dentro do raio de influência que tem. Eu, pelo menos, faço-o em nome da minha consciência e participo ativamente, procurando oferecer a alternativa que considero melhor para a nossa sociedade. Foi o que fiz ao longo da minha vida política e é também por isso que hoje sou candidato a vereador pelo PS à Câmara Municipal do Funchal, para apresentar uma alternativa credível, capaz de governar a cidade e não apenas criticar por criticar.

Já venci e já fui vencido, assim é a Democracia. Mas o que realmente desejo é deixar para o futuro uma sociedade tolerante e segura, onde a geração seguinte viva melhor do que a minha. É por essa razão que continuarei a cumprir o meu papel nesta caminhada. Faça também o seu e não se deixe seduzir por populismos vazios que apenas nos desviam do que é essencial.

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