Magalhães, mata gatos e esfola cães

Eu ia jurar que, de 16 de julho até hoje, a justiça estava fechada para balanço. 1 mês e meio. Para uns é um exagero. Para outros é o merecido descanso. Nisso eu não me meto. É o que é. Eu só não sabia é que, em plenas férias judiciais, existiam tantos juízes (de vara curta). Tantos que, se se mantivessem no activo após os casos mediáticos, a justiça seria bem mais célere. E zarolha, por certo…

É que hoje em dia há muita pressa. Julga-se sem se ouvir. Condena-se, a pena de morte, sem se interrogar. Na madrugada de domingo ocorreu uma agressão, segunda de manhã já estava o julgamento feito. A cara do agressor viralizou, mas com ela foi também a de quem foi agredida. Pior, a de quem, a todo o custo, implorou que esse atentado não tomasse outras proporções. Em menos de nada já se sabia tudo. O que era verdade e o que não era. O que se ouviu dizer e o que não se ouviu. Que já estavam separados. Que ele já tinha outra. Que a essa outra também já lhe tinha sido chegada a roupa ao pelo. Que ela se tinha deitado com um amigo dele. Que ele tinha descoberto e se tinha passado. Que, que e que…

Infelizmente isto é o pão nosso de cada dia. São inúmeros os casos de violência doméstica. Só de janeiro a março deste ano, em território nacional, foram 7056 ocorrências participadas. Em média, mais de 75 por dia… Já esta semana, foram 297 casos e detidos 5 suspeitos. Mas este foi diferente. E porquê? Na minha opinião, por três razões. 1) foi aqui. Ao nosso lado. 2) as agressões foram filmadas. 3) o agressor não morreu.

Sim, a morte dos errantes parece que traz alguma paz. Aquele sentimento de que foi feita justiça. Porém, por vezes, com um amargo de boca. Era pedido que o fim fosse o mesmo, mas com sofrimento atroz. Quer-se corrigir o mal com outro ainda pior! É disto que é feito o tal povo superior. Aquele que nunca erra. Que tem a mão cheia de pedras, mas já não tem telhado. Atenção que eu não quero, de forma alguma, desvalorizar a barbaridade dos actos. São, de todo, reprováveis. O autor está, agora, onde devem estar os que cometem crimes. Mas, ao mesmo tempo, não me sinto suficientemente perfeito para lhe apontar o dedo ou fechar o punho. Os meus pés são de barro.

Oiço muito que nada justifica tal atitude. É um facto. Mas talvez ajude a explicar. A quem de direito e não a nós. A nós só cabe o direito/dever de denunciar. É que muitos dos que agora dizem que as brigas eram recorrentes também pouco ou nada fizeram. Eu cá nunca os vi mal. Porém também a única vez que lhes pus a vista em cima foi num verão qualquer (há uns 2 anos, talvez) no Porto Santo. Passaram a tarde a jogar à bola na areia os 3. Ela, boa de bola. Ele, bom de pés. O miúdo, com o melhor dos dois. A eles juntou-se o meu filho. Nem bom de bola nem bom de pés. Era o rato. No final, agradeci-lhes a paciência. Foram cordiais. Nada mais.

Não sou capaz de dizer que não o faria porque nunca passei por semelhante. Mentira. Passei sim. Mas no meu caso foi mais livramento. Mas nisto, como em tudo, a teoria só se comprova com a prática. Por exemplo, eu ouço muitos dizerem que eram incapazes de matar. Já eu? Oh se eu matava…. Matava, tentava reanimar e voltava a matar, se preciso fosse! Bastava, para isso, que alguém se lembrasse de fazer mal aos meus filhos. Mas aquele mal a sério, como é óbvio, que eles também não são umas flores de estufa.

Flor de estufa parece ser sim a D. Ângela Aguiar. Não conhecem? Eu também não. Foi notícia por estes dias pelas suas 100 primaveras. Aquando da celebração, foi convidada a desvendar o segredo para tamanha longevidade. “É não aturar homens”, disse ela… Que bonitinha! Eu cá ainda tenho mais 10 anos pela frente para cumprir a pena máxima em Portugal. Será que depois disso terei direito a umas precárias? Não sei. Logo se vê.

“Logo se vê”, pensou também Avelino Conceição. O presidente de uma Comissão Parlamentar recebeu em julho dois documentos do JPP que requeriam reuniões antes das férias. Porém, o (in)discreto deputado socialista despachou os dois assuntos para setembro. O que tem? Aposto que estava com as duas mãos ocupadas. Tenham calma. A pressa é inimiga da satisfação.

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