Triagem de Manchester

Esta semana marcou o limite para a entrega de listas às Eleições Autárquicas. Assistiu-se ao habitual desfile de candidatos, com direito às fotografias da praxe e ao rol de promessas para os órgãos de comunicação social. As declarações à saída do tribunal são sempre interessantes, uns anos mais do que outros, mas vale sempre a pena assistir.

Então este ano lançam-se a votos a candidata “Impoluta”, a quem peço que reavalie as suas companhias para não cair em contradição, o candidato “Bob Construtor”, cujas 100 casas prometidas vão sair já, já, numa cidade sem lixo, sem bandidos e sem “estrangeirada” (atenção que os últimos e os que os precedem podem acumular funções), o Candidato “Reaquecido”, à espera desde 2009 para voltar a estar ao serviço do Funchal, a candidata “Brinquinho”, a candidata “Radar de velocidade”, o candidato “Legislador”, a quem avisar que está a concorrer ao órgão errado seria uma atitude de bom cristão, o candidato “Passadeiras volumosas”, o candidato “Isto merecia uma Auditoria”, que por incrível que pareça não é dos verdinhos, e por fim, mas não por último (embora a possibilidade disso ocorrer seja enorme) a candidata “Eu é que sou a líder nacional”.

Penso que pela amostra, temos reunidos os ingredientes para uma campanha eleitoral autárquica fortíssima em promessas, egos inchados e troca de acusações. Como sempre, os madeirenses saberão escolher.

Verde: Hegemonia Laranja

O sorteio da ordem dos boletins de voto para as autárquicas mostrou mais do que siglas alinhadas: expôs a verdadeira implantação dos partidos na Região. O PSD, sozinho ou em coligação, continua a ser o único a jogar em todos os campos, enquanto outros mostram o definhar das suas estruturas e a dificuldade em formar equipas. No Funchal, como sempre, joga-se a liga dos campeões, mostrando uma vitalidade sem precedentes, apresentando 14 candidatos à liderança da sua autarquia. Já no resto da ilha, em muitas freguesias, o jogo resume-se a um frente-a-frente previsível, com o PSD como presença obrigatória.

Amarelo: Os 3 minutos do PS

Começa a ser confrangedor assistir ao rumo que o PS regional tem tomado. O PS parece um tolo no meio da ponte, perdido, sem rumo, sem bases, sem apoio, sem gente, e sem relógio. Sem. Sem. Sem. Sem lista na Ribeira Brava. Sem lista em Santana. Sem vergonha na cara. A dificuldade em formar listas e equipas para um partido com a história que o PS carrega, deveria ser motivo para envergonhar o seu líder e a sua trupe.

Vermelho- Fátima “A Impoluta”

Se as próximas eleições autárquicas fossem para decidir o santo da paróquia, a candidata ao Funchal pelo JPP estaria já num pedestal. À saída do Tribunal disse estar confiante na sua eleição, numa candidatura de pessoas (deve ter-me escapado alguma coisa nas restantes candidaturas), pessoas da sociedade civil e pessoas que não fazem da política “carreirismo”. Aqui redobro o conselho servido ao início. Pare, olhe para si e olhe para quem a rodeia. Fale depois. O folheto de apresentação também é suis generis. Soa a candidatura em jeito hobby ou pré-reforma, numa pessoa que assume ter uma carreira profissional a terminar, e que por isso, vai lá disto, com uma referência a Marcelo Rebelo de Sousa para tentar dar credibilidade à coisa, e um slogan onde cabem todas, todos e “todes”. Ficou a faltar a receita económica de bolo de mel, para justificar os últimos 13 anos de serviço e um trecho da bíblia, muito popular na agremiação partidária em apreço.

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