O incêndio da Covilhã mantém duas frentes ativas e registou várias “pequenas reativações” durante a tarde de hoje, segundo informações da autarquia.
Numa atualização feita às 17:30 de hoje na rede social Facebook, a Câmara da Covilhã informou que, “depois de momentos extremamente difíceis e complexos vividos na quinta-feira, a situação no terreno regista algumas melhorias”.
No entanto, “o fogo mantém-se ativo e a exigir muita cautela e trabalho de combate”, com frentes em Cortes do Meio e no vale da Barragem Padre Alfredo, acrescentou.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da autarquia, Vítor Pereira, disse que “a situação não é tão gravosa, aparentemente, quanto o era ontem (quinta-feira) à noite e ao final do dia”.
“Até há bem pouco tempo tudo parecia mais calmo, mais tranquilo. Mas, como é hábito, a partir do momento em que a brisa de montanha começou a atuar, registaram-se dificuldades”, contou.
No que respeita às frentes ativas, o autarca referiu que não se encontram povoações em risco.
No vale da Barragem do Padre Alfredo, a frente ativa lavra “numa zona mais elevada, com mais altitude, com muitas escarpas e fragas, com pouca arborização e mais combustível fino”.
“Esta frente está longe das povoações e dirige-se para o alto da Torre. Se se dirigir com a ajuda do vento para a zona queimada tanto melhor”, frisou.
Segundo o autarca, houve “pequenas reativações”, por exemplo, no Dominguizo, em Unhais da Serra, em Vales do Rio e em Taliscas, que “estão a ser combatidas e poderão ser extintas com sucesso”.
“Registaram-se agora à tarde, com a brisa de montanha e o calor a acentuar-se. É uma circunstância recorrente”, acrescentou.
Vítor Pereira contou que os meios aéreos “continuam a atuar e a esperança é que eles retardem, atenuem e consigam travar o avanço das chamas, para que depois o combate com as máquinas de rasto e os homens e as mulheres apeados faça o resto”.
Devido aos incêndios, a Câmara da Covilhã decidiu cancelar a realização de uma visita encenada e de um concerto que estavam agendados para hoje, no âmbito da iniciativa Verão no Centro Histórico.
O município também anunciou hoje que tem disponível “uma consulta aberta para a avaliação de crianças que apresentem sintomas respiratórios agudos, nomeadamente tosse, dificuldade respiratória ou dor no peito”.
“Esta medida destina-se a crianças e jovens até aos 18 anos e resulta de uma parceria com profissionais de saúde da área de Pediatria que se voluntariaram para proceder à avaliação, gestão e, em caso de necessidade, ao respetivo encaminhamento”, explicou.
As consultas, gratuitas, vão realizar-se na Zona de Concentração e Apoio à População instalada no Pavilhão de Vales do Rio, hoje (das 20:00 às 23:00), no sábado (das 15:00 às 20:00) e no domingo (das 09:00 às 13:00).
No terreno já se encontram equipas multidisciplinares a prestar apoio social às pessoas afetadas pelos incêndios.
Este incêndio, que começou no dia 13, em Arganil, no distrito de Coimbra, já atingiu três concelhos do distrito de Castelo Branco (Castelo Branco, Fundão e Covilhã).
Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais de grande dimensão desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Os fogos provocaram três mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, alguns com gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, ao abrigo do qual dispõe de dois aviões Fire Boss e de um helicóptero Super Puma, estando previsto chegarem hoje mais dois aviões Canadair.
Segundo dados oficiais provisórios, até 22 de agosto arderam cerca de 234 mil hectares no país, mais de 53 mil dos quais só no incêndio que teve início em Arganil.