Neste dia em que vos escrevo, celebra-se a Cidade do Funchal. E, com ela, todos os Funchalenses, todos aqueles que aqui residem, todos os Funcionários da nossa autarquia, e todos os que, diariamente, nas mais diversas áreas, constroem um Funchal Sempre Melhor.
Neste dia em que a história nos recorda os 517 anos da nossa mui nobre e leal cidade, permitam-me destacar uma parte do seu território, sem desfazer a qualidade global deste concelho que tanto amamos.
Quero falar-vos do maior bairro social da Região, um coração dentro do nosso Funchal, um pedaço de casa mesmo para aqueles que não cresceram, nem ali moram.
Em 2023, o Expresso publicava uma reportagem no âmbito do projeto “Bairro Feliz” e levava-nos numa viagem às ilhas.
Na nossa, falou-se, entre outros locais, do Bairro da Nazaré e juntou-se à palavra “comunidade”, um conceito de “insularidade” que espelhava “um estado de espírito muito próprio que vincula gerações de madeirenses e açorianos com toda a carga que acarreta. Pode significar isolamento, mas oferece também um espírito de superação que nunca deixa os insulares virar a cara à luta e dar corpo ao espírito comunitário”.
Foi sempre esse espírito comunitário e de superação que permitiu construir uma Nazaré melhor. Mais forte, com cada vez menos sombras e estigmas. Uma Nazaré onde as pessoas abraçam, onde as ruas falam, onde as vozes ecoam, onde as crianças sorriem, onde as associações se juntam para ajudar quem mais precisa, onde todos, de uma forma ou de outra, se conhecem.
É essa Nazaré que nos acolhe sempre que a ela acorremos, como se, depois de um tempo, também precisássemos daquele abraço que não se encontra em nenhum outro sítio da cidade. Nem da Madeira.
Não tenho, porém, a veleidade de dourar a realidade.
Como em tantos outros sítios da Região e do País, o Bairro guarda problemas e dramas. Dificuldades que se tentam dirimir, competências que se reforçam, caminhos que se reconstroem, vidas que se tentam mudar. Dia após dia.
Mas é, de novo, esse espírito de superação e essa alma boa das gentes da Nazaré que lhes permitem mudar a realidade e mostrar ao mundo de que fibra são feitas.
Considero-me, por isso, uma privilegiada. Por não me sentir fora do Bairro quando nele estou. Por me sentir acolhida, por sentir que também pertenço, por sentir que a Nazaré é um bocadinho casa, um bocadinho casulo, quase um útero. A Nazaré é mãe de tantos filhos, de tantos talentos, de tantas realidades.
Por isso, neste dia da Cidade do Funchal, celebramos, também, o Bairro da Nazaré e os seus cerca de cinco mil habitantes. Os filhos, os que dali já partiram. As suas comunidades dentro daquela grande comunidade, os que ali investem e criam postos de trabalho, as entidades que acompanham e melhoram a vida diária do Bairro, os que ali criam e desenvolvem projetos, os que ali vivem e dão vida a cada pedaço de rua.
Celebramos o abraço de vida que a Nazaré nos dá.
Neste dia, homenageio e agradeço ao Bairro. Por todas as conversas, por todos os sorrisos, por todos os abraços e por todas as partilhas. Continuemos. Há tanto caminho para desbravar. E nós estamos sempre por aqui.