Mais de 20 países, incluindo Portugal, e responsáveis da União Europeia apelaram hoje a Israel para que permita a entrada da ajuda das organizações internacionais em Gaza, onde “o sofrimento humanitário atingiu níveis inimagináveis”.
“A fome está a instalar-se diante dos nossos olhos. É necessária uma ação urgente para travar e inverter a situação de fome. O espaço humanitário deve ser protegido e a ajuda nunca deve ser politizada”, defendem, num comunicado conjunto, os 26 parceiros.
Os subscritores do comunicado, incluindo Portugal e a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, apelam ao Governo de Israel, liderado por Benjamin Netanyahu, para que “autorize todos os envios de ajuda das ONG [organizações não-governamentais] internacionais e que permita a atuação de agentes humanitários essenciais”.
Na nota, divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros português na rede social X, os países e a União Europeia (UE) alertam que “devido a novos requisitos restritivos de registo, ONG internacionais essenciais poderão ser forçadas a deixar os Territórios Palestinianos Ocupados em breve, o que agravaria ainda mais a situação humanitária”.
“Devem ser tomadas medidas imediatas, permanentes e concretas para facilitar o acesso seguro e em larga escala das Nações Unidas, das ONG internacionais e dos parceiros humanitários”, pedem.
A posição conjunta defende que “todas as passagens e rotas devem ser utilizadas para permitir a entrada maciça de ajuda em Gaza, incluindo alimentos, fornecimentos nutricionais, abrigos, combustível, água potável, medicamentos e equipamentos médicos”.
Por outro lado, sublinha que “não deve ser usada força letal nos locais de distribuição, e os civis, trabalhadores humanitários e profissionais de saúde devem ser protegidos”.
Os subscritores expressam um agradecimento aos Estados Unidos, ao Qatar e ao Egito – mediadores nas negociações indiretas entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas – “pelos seus esforços em promover um cessar-fogo e em procurar a paz”.
“Precisamos de um cessar-fogo que ponha fim à guerra, da libertação dos reféns e da entrada de ajuda em Gaza por via terrestre, sem impedimentos”, reiteram ainda.
A declaração foi assinada pelos chefes da diplomacia da Austrália, Bélgica, Canadá, Chipre, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Islândia, Irlanda, Japão, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Noruega, Portugal, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Suíça e Reino Unido, bem como pela alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, a comissária europeia para a Igualdade, Preparação e Gestão de Crises, Hadja Lahbib, e a comissária europeia para o Mediterrâneo, Dubravka Suica.
A ofensiva israelita em Gaza começou depois dos ataques do Hamas, no poder no enclave desde 2007, em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e perto de 250 foram feitas reféns.
Desde então, a operação militar israelita causou já mais de 61 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas, perante acusações de genocídio por vários países e organizações.
A ONU tem alertado para uma situação de fome generalizada no enclave, onde Israel bloqueia a entrada de ajuda humanitária desde há meses.
Centenas de palestinianos morreram alvejados nos últimos meses, durante a distribuição de alimentos, a cargo da Fundação Humanitária de Gaza, organização privada apoiada por Telavive e Washington.
Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas como uma organização terrorista.