Como me encontro a banhos no Porto Santo, a ver se me mantenho fit e apanho um tan na mesma leva, vou divertir-me com a trend de pespegar expressões estrangeiras, para as quais há expressão equivalente na língua de Camões, testando as minhas skills linguísticas pelo caminho.
To be fair, entre o meu background na área das ciências (onde se lê muito em estrangeiro) e o profile académico completado no País de Wales (forçosamente na língua de Sua Majestade), entendo ser comum vir-nos à cabeça uma expressão na outra língua antes da nossa. Lembro-me mesmo, aquando da minha primeira return-trip de Wales para o Xmas (que estas contrações também pegam) na Madeira, me convidaram a kickar a borracha. Estava lesionado e disse que tinha “puxado o músculo” (pulled a muscle) em vez de dizer que tinha uma entorse. It happens, mas não deixa de ser fun pegar com isso.
Desde o influencer que tira pics ao seu brunch, decerto muito fashion e sedento de likes, ao bartender que faz show-off da sua amazing expertise de mixer a servir drinks, a língua portuguesa parece esboroar-se às mãos da life nos social media. Não quer dizer isto que o meu pitch, aqui, seja contrário ao uso de estrangeirismos no chit-chat do dia-a-dia, longe disso.
Pretendo apenas dar o meu input, tão light como uma salada com muito dressing, e pensar no possível end da língua portuguesa bem falada.
Nestas coisas, e apesar do marketing e do hype à sua volta, a inteligência artificial (esta dizem sempre em português — amazing), toda high-tech, não ajuda: já ouvi deputados da nação, ao ler o seu speech acabado de printar, em vez de “numa” dizerem “em uma”. Nada organic na língua portuguesa (no Portugal dos tempos modernos, pelo menos). É isso e o cringe que me provoca o people que debita live, na rádio e na TV, em bullet-points. Esta trend de começar as intervenções com “Cumprimentar fulano” em vez de “Eu quero cumprimentar fulano”, deve ter começado com alguém que pediu à inteligência artificial que lhe fizesse uma list do que dizer. É uma questão de branding, eu sei, e o orgulho em falar bem a nossa língua perdeu o sex appeal — é agora vítima de bullying.
Evidenciar um engagement internacional é o que está a dar (é que é trendy, perdão), e isso de se ser poliglota já está démodé (o francês também pode ter espaço aqui, que raio!) — o que interessa é não dizer nada em concreto, em nenhuma língua em concreto. Este content que aqui debito é disso um bom exemplo.
Mais uma vez aqui me confesso guilty do pecadilho: frequento o gym, onde faço dead-lift, leg-press e chest-press, entre outras coisas de fitness e bodybuilding sem recorrer a personal trainer. Em jeito de quick update pessoal, também confesso que não morro de love pelo jogging, nem vou à missa com o cycling; prefiro o running, mas dizem-me que estou too old para tudo isto. Bull… Sou mas é muito young and fresh! (Às tantas preciso mas é de mais mindfulness).
E é daqui da Ilha Dourada, com jokes e algum leisure à mistura, que mando hello e bye bye ao leitor que teve a paciência de aqui chegar, com sentidos desejos de um bom Agosto, em vacations ou hard at work.