A organização não governamental (ONG) Provea considerou hoje burla o salário mínimo na Venezuela, de um dólar por mês, valor que é complementado por apoios governamentais de até 160 dólares, sem impacto nos benefícios laborais.
“Os venezuelanos têm, literalmente, direito a um salário digno, não a esta burla”, afirmou a organização Provea, que trabalha com setores vulneráveis da sociedade.
Numa publicação na rede social X, esta OGN cita ainda a Constituição venezuelana, que determina que “todo o trabalhador ou trabalhadora tem direito a um salário suficiente que lhe permita viver com dignidade”.
Em causa está o salário mínimo venezuelano que, segundo a taxa de câmbio oficial do Banco Central da Venezuela (BCV), se fixou na sexta-feira em um dólar por mês, isto porque o valor do dólar estava nos 130,06 bolívares.
De acordo com a Provea, o salário mínimo na Venezuela mantém-se nos 130 bolívares (a moeda venezuelana), desde março de 2022, quando equivalia a cerca de 30 dólares por mês.
“Um pagamento de fome que está estagnado nos 130 bolívares há três anos (1.242 dias), que se desvaloriza a cada dia e é a base para o cálculo de benefícios, ajudas e outros pagamentos laborais”, enfatizou a ONG.
Também a Associação de Professores da Universidade Central da Venezuela (APUCV) exigiu “salários dignos já” para estes profissionais, que ganham entre um e quatro dólares por mês, uma vez que o salário mínimo é usado como referência para outras remunerações e também para pensões.
A APUCV destacou ainda que “bónus não é salário”, referindo-se aos vales do Governo no valor de 40 dólares para alimentação e ao chamado “rendimento de guerra económica” de 120 dólares, ambos sem impacto em benefícios laborais como férias, liquidação e lucros, e que são pagos aos funcionários públicos em bolívares.
Para o Governo da Venezuela, os apoios governamentais são “uma nova estratégia para combater a guerra económica, o bloqueio e as sanções”, bem como “para evitar a inflação”.