Esta semana dedicamo-nos ao movimento que tenho observado nos últimos meses. Há uma boa quantidade de pessoas que ou nunca puxaram, ou deixaram de puxar o autoclismo. Depois de muitos vídeos pelas redes sociais a mostrarem o problema de se utilizar a sanita e puxar o autoclismo com a tampa para cima, a contaminação do ar e do amado telemóvel, parece que existe um movimento crescente que em vez de baixar a tampa, desistiu mesmo de limpar o que fez.
Uma pessoa primeiro pensa que foi um acaso. Que faltou a água ou qualquer outro contratempo. Mas descobrimos mais tarde que não faz mesmo parte da prática destas pessoas. Quais festivaleiros, pessoas de bem por este país fora, chegam até a deixar os seus dejetos para as suas criadas limparem. Não digam que elas fazem parte da família por dormirem lá em casa e por lhe pagarem um mísero ordenado, porque não há ordenado que apague a subserviência exigida por estas pessoas. Sim, são criadas, não são trabalhadoras, nem empregadas. É uma mentalidade difícil de mudar quando nem sequer puxam o autoclismo.
Nos festivais e eventos de multidões até conseguimos compreender, mas, para alguns não ficarem sujos, ficam outros. Porque vá lá… aquilo pode salpicar para as pernas de qualquer um, porque é que devemos aceitar ficar sujos se outro pode ficar sujo no nosso lugar?
É este o principal problema da humanidade. Não tem responsabilidade com as suas fezes. Se tivesse, pensava no lixo, na reciclagem, no ambiente de outra forma. Existem filmes e séries que mostram os atores a carregar os fardos das vidas que representam. E se carregássemos as nossas fezes a vida toda? Pensaríamos de forma diferente?
É neste mundo que vivemos. Cada vez mais pessoas não fazem o que é devido por não ser confortável. E o que é mais curioso? É que em contexto de festival entram nas cabines enfezadas (com fezes bem espalhadas e visíveis em zonas que parece que foi um festival de tiro ao alvo, escapando o teto, quem sabe). Entram e fazem o seu serviço, parece que sem se preocuparem com o estado anterior e contribuem para a camada seguinte.
É importante que se perceba que as fezes são o problema. Para algumas pessoas, só podem ser fezes que saem pelas suas bocas, pelo pensamento e sabe-se lá de que outras formas. É a única forma de compreender o que se passa na sociedade, no mundo em geral. Munidos dos melhores objetivos, o que acaba por sair são coisas mal formadas, meio líquidas e com gases à mistura. Claramente o resultado de uma falta de microbioma, de alimentos de qualidade e do devido processamento. A fórmula secreta para um bom trânsito, faltando apenas falar na hidratação adequada e movimentos saudáveis. Sim, é preciso andar para o intestino funcionar.
É no alimento da alma que fazemos a maior diferença no resultado das nossas ações. Qualquer pessoa com bom senso compreende que não é a confissão que salva do inferno as ações de uma vida. É o devido arrependimento e contrição. A mudança de direção. Se mantivermos a mesma postura, o que significa a nossa ação? O agravamento social é que neste momento, nem sequer há vergonha ou arrependimento (fingido ou outro).
Aguardemos o movimento do pêndulo que tornará insustentável este estado e nos conduza a uma vida em conjunto com responsabilidade, com partilha, mas sobretudo com consistência. Uma época com menos diarreia. Irmos para além do que nos dá jeito, poder e influência, para o melhor de nós próprios e o bem comum.