Autárquicas: PAN aposta em coligações do BE ao CDS-PP e enfrenta divergências internas

Na Madeira, o PAN marcará presença com candidatos próprios em dois municípios, nomeadamente Mónica Freitas no Funchal e Válter Ramos em Santa Cruz

O PAN vai apresentar-se coligado em grande parte das suas candidaturas autárquicas, aliando-se com partidos de pontos opostos do espetro político, desde o CDS-PP ao BE, opção que já foi alvo de críticas internas.

Segundo a direção da campanha, o partido ainda não fechou todas as listas, mas tem, nesta altura, 16 candidaturas confirmadas, divididas entre coligações (10) e listas próprias (seis), e a expectativa é de que o PAN apresente candidatos em mais de 40 municípios do país.

Apesar da diversidade política das alianças, o PAN, na grande maioria, mostra preferência por acordos à esquerda, coligando-se, em Lisboa, ao PS, Livre e Bloco de Esquerda, numa candidatura liderada pela socialista Alexandra Leitão com o objetivo de derrotar o social-democrata Carlos Moedas à frente da maior autarquia do país.

Segundo o acordo de coligação, a que a Lusa teve acesso, os quatro primeiros lugares da lista à Câmara serão ocupados pelo PS, o Livre terá o quinto e sétimo lugares, o BE o sexto lugar, e o PAN o oitavo – protagonizado pelo atual deputado municipal do partido António Morgado Valente.

O PAN coliga-se com socialistas e outros parceiros à esquerda também em Ponta Delgada, Coimbra e Trofa. Também à esquerda, mas sem o PS, o PAN concorre coligado em Loures – numa aliança com Livre e BE contra o atual presidente socialista, Ricardo Leão -, Cascais e Leiria.

No Porto, o PAN – que avançou sozinho em 2021, com a eleição de um deputado municipal – apoia a candidatura do atual vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, que concorre como independente no movimento “Fazer à Porto”, tendo atribuídos o quarto e décimo lugares da lista à Assembleia Municipal.

À direita, o PAN integra coligações com o PSD e a IL em Sintra, numa candidatura liderada por Marco Almeida, e Faro, onde além de sociais-democratas e liberais, a coligação integra o MPT e o CDS-PP, com quem o partido tem profunda divergências em relação a temas como as touradas – uma das principais bandeiras identitárias tanto do PAN como dos centristas, em sentidos opostos (PAN contra, CDS a favor).

A presença do PAN em coligações com forças de direita foi já alvo de críticas internas através de uma carta aberta, assinada por mais de 100 filiados e simpatizantes, em que é apontada “a ausência de uma estratégia coerente” nas próximas autárquicas, que resulta “em coligações avulsas, sem critérios ideologicamente compreensíveis assentes em promessas de cargos ou falta de projetos políticos próprios”.

Antes de conhecida a carta, a líder do partido, Inês de Sousa Real, salientou a importância de o partido saber dialogar e fazer alianças com diferentes forças políticas, recusando dualidade de critérios nas coligações por considerar que não se pode ignorar “as dinâmicas locais, que são sempre muito particulares”.

O PAN vai avançar com listas próprias principalmente a norte do país, tendo, para já, aprovado listas em Famalicão, Gondomar, Valongo e Maia, mas tem a expectativa de que venham a ser quase uma dezena entre os distritos do Porto e Aveiro.

O partido marcará também presença com candidatos próprios na Região Autónoma da Madeira (Mónica Freitas no Funchal e Valter Ramos em Santa Cruz).

Nas eleições de 2021, as candidaturas próprias do PAN conseguiram 1,14%, insuficientes para eleger qualquer vereador. O partido conseguiu, no entanto, eleger 23 representantes em assembleias municipais e 16 eleitos em assembleias de freguesias.

Para as eleições deste ano, o PAN assume como objetivo “reforçar a representação do partido nos diferentes órgãos locais”, sem estabelecer metas concretas.

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