Combater a Fadiga Mental

Se o seu trabalho envolve levantar cargas pesadas, o seu empregador tem de seguir diretrizes legais para garantir a sua segurança. Estas abordam o ambiente de trabalho, a carga que pode transportar e o ritmo de trabalho, incluindo as pausas obrigatórias. Mas se o seu trabalho envolve cargas mentais pesadas, as regras já não são tão claras. O cérebro não transpira, não dói, nem dá sinais óbvios de esforço, pelo que podemos assumir que a fadiga pode ser ignorada para cumprir prazos apertados ou para atender chamadas às 2h da manhã.

Contudo, as técnicas de imagiologia cerebral permitem-nos agora observar a fadiga mental em tempo real, revelando que o cérebro, tal como os músculos, se cansa e torna-se menos eficiente. Quanto mais tempo se trabalha sem descanso, mais difíceis se tornam as tarefas e a manutenção da concentração. Estas mesmas técnicas de imagiologia também esclarecem o que causa a fadiga mental e o que podemos fazer para a evitar.

A fadiga mental surge quando o cérebro sente que vai ficar sem recursos se continuar a trabalhar com a mesma intensidade. Qualquer trabalho mentalmente exigente pode levar à fadiga, mas a rapidez com que a mente se cansa depende do tipo de trabalho que está a fazer. Os fatores que aceleram a fadiga mental incluem: 1) Trabalho mental pesado, como resolver problemas complexos, aprender novas competências ou tomar continuamente decisões de alto risco; 2) Resistência aos impulsos, como ignorar incessantemente as distrações; 3) Atenção sustentada, nomeadamente, tarefas que requerem uma concentração prolongada sem pausas.

Eis três estratégias fundamentais que o podem ajudar a prevenir a fadiga mental: 1) Faça pausas frequentes – as pausas dão ao cérebro tempo para descansar.

Em situações de alta pressão, as pausas curtas e frequentes são fundamentais.

Para tarefas mentais mais pesadas, o objetivo é fazer uma pausa de 20 em 20 minutos. Já para tarefas que exigem concentração profunda, o desempenho começa a diminuir após 60-100 minutos. Neste caso, o ideal é que as pausas não tenham um intervalo superior a 90 minutos. Mas fazer uma pausa não significa envolver o cérebro noutra coisa que o possa cansar.

Para recuperar verdadeiramente, evite tudo o que esteja relacionado com o trabalho. Fazer algo ativamente relaxante, como alongamentos, yoga ou uma curta caminhada, pode ser mais revigorante do que o descanso passivo; 2) Limite o trabalho intenso a 4h por dia – não sobrecarregue o seu dia com tarefas de grande esforço, que irão arrastar o cansaço mental para o dia seguinte. Estruture o seu trabalho em blocos de 90 minutos, intercalando tarefas intensas com atividades mais fáceis e de menor esforço; 3) Utilize a motivação para avançar – quando tudo o resto falha, pode criar um incentivo para sustentar o esforço mental e manter o seu desempenho. Pode programar uma recompensa concreta para o final do dia (um filme que queria ver ou uma conversa com um amigo) para o ajudar a ultrapassá-lo mais facilmente. Idealizar uma pausa de fim de semana imediatamente após um grande prazo a cumprir também pode ajudá-lo a perseverar apesar do cansaço extremo.

Em suma, uma vez que a fadiga mental não é visível do exterior, é fácil esquecer que ela existe, até começar a prejudicar o seu desempenho e saúde mental. Urge reconhecê-la como um risco profissional e incorporar proactivamente medidas para preveni-la. Parafraseando o célebre artista Banksy: “Se te cansares, aprende a descansar, não a desistir.”

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