Greve na Menzies causa atrasos e 20 voos cancelados no aeroporto de Lisboa

A greve de hoje dos trabalhadores da SPdH/Menzies (antiga Groundforce) provocou até agora “alguns atrasos” e o cancelamento de 20 voos no aeroporto de Lisboa, disse à Lusa a ANA–Aeroportos de Portugal.

“Devido à greve na Menzies (‘handling’), até ao momento, ocorreram alguns atrasos e 20 voos cancelados (10 chegadas e 10 partidas) no Aeroporto Humberto Delgado”, referiu fonte da gestora aeroportuária, cerca das 12:30.

A ANA aconselhou os passageiros com voos operados pela Menzies, empresa responsável pelos serviços de assistência em escala, a contactar previamente a respetiva companhia aérea para confirmar o estado do voo antes de se dirigirem ao aeroporto.

Num comunicado entretanto divulgado, pelas 13:15, a Menzies Aviation referiu que até então “a greve provocou apenas perturbações mínimas em Lisboa, sem impacto nas restantes escalas”.

“Continuamos a trabalhar em estreita colaboração com os nossos parceiros para garantir a continuidade dos serviços e minimizar qualquer impacto nos passageiros”, acrescentou.

Para a empresa, a greve em curso “decorre de uma representação distorcida das práticas e condições reais da empresa”, já que “a Menzies continua a cumprir integralmente os compromissos assumidos, bem como o Acordo de Empresa assinado há apenas um ano”, que “a organização sindical envolvida optou, lamentavelmente, por não respeitar”.

No comunicado, a empresa de ‘handling’ manifestou também “preocupação com a insuficiência dos serviços mínimos fixados pelo Conselho Económico e Social (CES)”, considerando que “comprometem a mobilidade durante um período crítico para o turismo e para o regresso dos emigrantes — ambos essenciais para a economia e para a reputação do país”.

“Apoiamos, por isso, a iniciativa de reforçar os serviços mínimos, de forma a assegurar a continuidade dos serviços públicos vitais”, sustentou.

O Tribunal Arbitral determinou serviços mínimos para a assistência a todos os voos relacionados com situações críticas de segurança, voos de emergência, militares, de Estado e voos da TAP em ‘night-stop’ em escala europeia, bem como ligações regulares entre Lisboa e os Açores e Madeira, e entre o Porto e os arquipélagos.

Reiterando o “compromisso com a legalidade, condições de trabalho justas e um diálogo aberto e respeitador”, a Menzies garantiu, contudo, que não vai retomar “qualquer tipo de diálogo enquanto a greve se mantiver”.

Convocada pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) e pelo Sindicato dos Transportes (ST), o protesto iniciou-se às 00:00 de sexta-feira e prolonga-se até às 24:00 de segunda-feira.

Trata-se da primeira de cinco greves de quatro dias marcadas para os fins de semana até ao início de setembro.

Em agosto, os períodos de greve estão agendados para 08 a 11, 15 a 18, 22 a 25 e 29 de agosto a 01 de setembro.

A meio da manhã, o dirigente do SIMA Carlos Araújo destacou que a greve mobilizou hoje, “pela primeira vez em pelo menos 10 anos”, funcionários do aeroporto do Porto.

“Na escala do Porto, há 10 anos que não havia greves e há pessoas a fazer greve”, enfatizou.

Carlos Araújo antecipou também que hoje sejam ainda mais os voos a partir apenas com passageiros, sem bagagem nem carga, depois dos 25 em que tal aconteceu até às 18:00 de sexta-feira.

Em comunicado, o sindicato acusou ainda a SPdH/Menzies de estar “a violar flagrantemente o direito à greve” para tentar “neutralizar os efeitos da paralisação”, recorrendo a “práticas ilegais” como a “antecipação forçada de turnos e convocação de trabalhadores em dias de folga”, a “substituição de grevistas por trabalhadores de empresas de trabalho temporário” e a “reorganização abusiva de escalas”.

“O SIMA está a recolher provas destas ilegalidades e vai apresentar queixas formais à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e ao Ministério Público, exigindo a responsabilização dos dirigentes da Menzies/SPdH”, referiu.

Entre as reivindicações dos trabalhadores estão o fim de salários base abaixo do salário mínimo nacional, o pagamento das horas noturnas, melhores condições salariais e a manutenção do acesso ao parque de estacionamento nos mesmos moldes anteriores.

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