O homicida confesso de quatro jovens no estado norte-americano do Idaho em 2022, incluindo a lusodescendente Kaylee Goncalves, foi hoje condenado a prisão perpétua.
Um acordo judicial já tinha sido fechado entre acusação e defesa antes da sentença, prevendo, em troca da admissão de culpa de Bryan Kohberger e da renúncia ao seu direito de recurso, que os procuradores não pedissem a sua execução.
Em vez disso, ambos os lados concordaram em recomendar que o condenado, que compareceu em tribunal hoje perante as famílias das suas vítimas, cumprisse pelos homicídios quatro penas consecutivas de prisão perpétua sem liberdade condicional.
Kohberger, de 30 anos de idade, confessou ter esfaqueado até à morte as quatro estudantes – Madison Mogen, Xana Kernodle, Kaylee Goncalves e Ethan Chapin – em novembro de 2022, após invadir uma casa alugada em Moscow, perto do campus da Universidade de Idaho.
Kohberger, estudante de pós-graduação em criminologia na vizinha Universidade Estadual de Washington, foi detido na Pensilvânia, onde os seus pais viviam, cerca de seis semanas depois do crime.
A polícia informou ter recuperado ADN de uma bainha de faca encontrada na casa e ter usado a genealogia genética para identificar Kohberger como um possível suspeito.
Acederam a dados de telemóveis para identificar os seus movimentos e usaram imagens de câmaras de vigilância para ajudar a localizar um carro branco que foi visto repetidamente a passar pela casa na noite dos homicídios.
Um cotonete retirado do lixo da casa dos seus pais foi utilizado para comparar o ADN de Kohberger com o material genético da bainha, disseram os investigadores.
O motivo de Kohberger e muitos outros pormenores são desconhecidos.
Também não é claro por que razão poupou dois colegas de quarto das vítimas, que estavam em casa no momento do crime.
Kohberger, vestindo um fato-macaco laranja de recluso, recusou-se a falar na audiência de sentença, o que motivou uma reação do juiz Steven Hippler.
“Mesmo que eu o pudesse obrigar a falar, o que legalmente não posso, como é que alguém poderia ter a certeza de que o que ele está a dizer é a verdade?”, questionou o juiz.
Na audiência, as famílias da vítima mostraram-se divididas em relação ao acordo judicial.
“Estou aqui para dizer que o perdoei porque já não conseguia viver com este ódio no coração”, disse Kim Kernodle, tia de Xana Kernodle.
Já o seu padrasto, Randy Davis, disse que Kohberger iria para o inferno: “És mau. Não há lugar para ti no céu. Levaste os nossos filhos. Vais sofrer. Estou a tremer porque gostaria de te alcançar. Espero que sintas a minha energia”, disse ao condenado.