A Comissão apresentou o Quadro Financeiro Plurianual para 2028-2034, com um valor recorde de 2 biliões de euros. A procissão ainda não saiu do adro, e a Comissão já conseguiu que ninguém esteja de acordo com este orçamento.
A Alemanha já se manifestou contra, por considerar demasiado dinheiro. Os Países Baixos, como porta-voz dos frugais – que inclui ainda a Dinamarca, a Suécia e a Áustria – fizeram eco.
Do outro lado, a França está à espera para ver, e todos os outros estarão preocupados com os cortes na PAC – na ordem dos 22% – ou na Política de Coesão.
O Parlamento Europeu, de forma unânime, também não tem poupado críticas a esta proposta.
Habilmente, como é seu timbre, a Comissão propõe a criação de 27 planos nacionais e regionais de parcerias – um por Estado-Membro – contendo os envelopes nacionais para a Coesão e para a Agricultura, mas também para a Gestão das Fronteiras e para as Migrações. Pretende-se que os Estados-Membros decidam para onde serão canalizadas estas verbas, livrando-se a Comissão deste ónus.
Para Portugal estará reservada uma dotação de 33,5 milhões de euros, um valor idêntico ao atual, mas que significará uma diminuição relevante se tivermos em conta a inflação.
Tudo somado, propõe-se uma gestão mais centralizada e exigente dos fundos, menos verbas para a PAC e provavelmente também para a Coesão, como já se antevia, dada a prioridade com a Ucrânia e com a Defesa, neste caso com um orçamento cinco vezes superior (!), na ordem dos 131 mil milhões de euros.
Para a Região não serão boas notícias, antevendo-se grandes desafios, desde logo a negociação com Lisboa sobre o envelope financeiro.
No imediato, contudo, importa procurar influenciar as negociações em Bruxelas a nosso favor, tanto no Parlamento, como no Conselho, cabendo um papel importante aos nossos representantes nessas instituições.
No médio prazo, contudo, o melhor mesmo é continuarmos a depender cada vez menos de terceiros financeiramente, incluindo da UE.
O negócio da guerra
Não haverá dúvidas de que a guerra é um (bom) negócio para muitos países, sobretudo os que têm maior poder industrial instalado. EUA à cabeça.
Não será por acaso que Trump forçou os países da NATO a aumentar as despesas militares até 5% do PIB. Descaradamente – como já nos habituou –, já afirmou que vai disponibilizar armas de guerra à Ucrânia … para os Europeus pagarem.
A Europa, entalada entre Trump e Putin, não teve outra opção que não ceder.
Decidido que vamos gastar 5% da nossa riqueza anual em defesa, resta agora ver como podemos recuperar algum deste valor. Solução? Construir fábricas de armamento e de munições.
E é assim que estamos hoje, numa escalada que não sabemos onde vai terminar, mas que tem tudo para acabar mal. A primeira consequência será o enfraquecimento do Estado Social, mas esse, paradoxalmente, até poderá ser o menor dos males.
Rico SNS
Quem pensasse – como eu – que salários milionários só no futebol, enganou-se redondamente. Soube-se pelo seu diretor executivo que no depauperado Serviço Nacional de Saúde é “perfeitamente possível” um médico ganhar 400 mil euros por cirurgias adicionais para reduzir listas de espera, trabalhando aos fins-de-semana.
Por aqui se confirma aquilo que muitos têm dito: o principal problema da Saúde em Portugal já não tem a ver com dinheiro, mas sim com organização, a que acrescento que esta situação só se resolve com um pacto de regime entre os dois maiores partidos do arco da governação. Que o façam rapidamente.