Ao longo dos quatro capítulos anteriores deste trabalho, falei do Fundamento, no Direito Natural, do Povo Madeirense à Autonomia Política; dos 600 anos de colonialismo que herdámos; da oportunidade histórica que o 25 de Abril constituiu; do inaceitável na Constituição de 1976; e dos Objectivos da Autonomia e respectivos meios financeiros.
Depois, mencionei a estratégia desenvolvida em função dos Objectivos. Que permitiu que o PIB Regional Bruto, em 1974 à volta de 300 milhões de euros, fosse 6 biliões em 2015. O PIB “per capita”, mil e poucos euros em 1974, fosse 21.390 euros em 2015. O PIB “per capita” em relação à União Europeia 29% em 1974, mas, em 2015, 97% da UE a dezasseis países e 103% da UE a vinte e sete países. O PIB “per capita” em relação a todo o Portugal, 40% em 1974 e 132% 2015. Incluindo os Valores gerados pelo CINM.
Permitiu também que atingíssemos 2,5% de desemprego no primeiro quadriénio deste século, infelizmente agravando-se com a crise financeira posterior e consequente má intervenção da República (Passos Coelho), de cócoras ante a União Europeia e os Bancos mundiais, e a procurar derrubar o meu governo.
Para que não haja ilusões, cabe agora falar do que, para mim, são os seis principais riscos actuais da Madeira.
Primeiro. Temos uma Economia muito subsidiada.
Isto torna-A artificial, o que constitui um risco incomportável a médio e longo prazo.
Tal implica o mercado ser regulado com prudência e não uma deriva liberal.
Segundo. A Autonomia está esmorecida, infelizmente também do lado regional. O PSD corre o risco de um Partido até agora de protesto e sem Quadros, o JPP, aproveitando as posições de Montenegro em matérias de Autonomia e de revisão constitucional, bem como a Lhe subordinação canina actual de alguns seus parlamentares regionais, ultrapassar o que foi um Partido hegemónico como o PSD/Madeira quando assentava na luta autonómica.
Terceiro. A opção pelo “turismo de massas”, completamente alheia à nossa realidade de espaço, orografia, custo de vida, habitação e serviços públicos, bem como de força de trabalho disponível e justa distribuição do Rendimento gerado. Sou pela Excelência, quer dos Serviços, quer da Qualidade de Vida, já que não podemos ser “ricos”.
Quarto. A subsídio-dependência individual, aliás causa da actual decadência europeia que vem sendo estrategicamente explorada por outros grandes espaços, Estados Unidos, Rússia e China.
A subsídio-dependência, em parte, trata-se de caça-votos irreprodutível com o dinheiro dos Contribuintes, eterniza a pobreza, é fonte de Produtividade fraca e aumenta a imigração num território já excessivamente povoado, com consequências principais na habitação, inflação e procura de Serviços Públicos.
É necessário substituir a subsídio-dependência por uma ÉTICA DO TRABALHO, tal como nos países anglo-saxónicos, germânicos e escandinavos. Quem pode trabalhar, sobreviver e progredir pelo seu esforço quotidiano, não é à custa de Quem trabalha. Terá de produzir.
As políticas igualitaristas colapsaram porque estagnaram os indivíduos em “categorias” e não privilegiaram a Pessoa Humana conforme as suas capacidades criativas e empreendedoras.
Necessário é redistribuir a riqueza através de habituais ou regulares melhorias de salários, sem aumentar muito a inflação, à medida que se vem conseguindo que o Rendimento Bruto cresça.
A subsídio-dependência é vadiagem e eternização da pobreza e da dependência política pessoal.
A Economia vem sendo abalada por pseudo-“progressistas” que procuram calar totalitariamente as ideias dos restantes Cidadãos.
Esta gente quer alcançar a Igualdade…através de “quotas”! Quer instrumentalizar a Educação e a Cultura. Atribui-se a si própria de uma “legitimidade” que, em Democracia, nenhum Povo Soberano lhes atribuiu. Resultado de toda a sua patetice “woke” das últimas décadas… o reforço das extremas-direitas!
Chegámos a um mundo, em 2025, no qual a “esquerda” tradicional pretende impôr “verdades únicas” e “disciplina colectiva”, ideais antes património dos conservadores. Enquanto as “direitas” falam de Liberdades, ainda que excessivas porque liberais, quando antes património das antigas “esquerdas”!
Quinto risco, a situação mundial. Aqui não me vou alargar em considerações, pois a conjuntura está sobejamente aflorada e hoje em mudanças constantes.
Sobretudo e de uma maneira geral, as pessoas seguem o que vai pelo mundo. Sabemos, até pela História, das consequências que os conflitos mundiais armados têm para esta e as outras Economias insulares.
O sexto risco é a situação nacional.
Deparam-nos, de novo, com opções centralistas do Estado.
O poder das “sociedades secretas” sobre as principais direcções partidárias é uma realidade, por muito que o procurem esconder ou negar. Daí o risco de, no momento político português actual, perdermos a oportunidade histórica de uma necessária revisão constitucional, indispensável a um futuro melhor das Regiões Autónomas e do País em geral.
Como a situação nacional é de excesso de consumismo, a par de uma Produtividade fraca. Enquanto os países da União Europeia, em média, reinvestem à volta de 50% do respetivo Produto Interno Bruto, Portugal investe metade dessa média!
Em resumo. O nosso futuro não será grande coisa se os madeirenses se contentarem apenas com esta Autonomia, se deixarem de lutar e tornarem-se um magote de gente sem Causas, passando a vida apenas na satisfação comezinha e conformada das suas necessidades do dia-a-dia e de desejos materiais vulgares.
Seremos, de novo, submetidos, enquanto os Portugueses não estão a compreender que a robustez e a eficácia das Democracias passa pelas reformas constitucionais necessárias ao longo do tempo, e não pelas episódicas políticas de políticos episódicos.