Verão na serra

O verão na Madeira tem os seus rituais, profundamente enraizados da nossa população. Uns optam pela praia e pelo apelo do mar. Muitos, porém, procuram o fresco das serras, o ar puro da montanha e a sombra acolhedora da floresta. É nesta altura que as levadas, os parques florestais e os miradouros se enchem de vida, de risos, de reencontros. Famílias inteiras preparam piqueniques e almoçaradas, grupos de amigos combinam passeios, e muitos emigrantes que regressam por estas semanas, aproveitam para reviver as paisagens da infância e o convívio dos seus. Este movimento não é apenas um hábito sazonal: é uma expressão autêntica da ligação emocional que os madeirenses, residentes ou espalhados pelo mundo, mantêm com o seu território. Ir à serra, caminhar pela floresta, parar numa clareira para partilhar uma refeição ou simplesmente contemplar o silêncio das altitudes — tudo isto faz parte de uma tradição que atravessa gerações e que fortalece, ano após ano, os laços afetivos com a nossa terra.

Desfrutar da natureza é um privilégio, mas também uma responsabilidade partilhada. Por isso, nunca é demais relembrar os cuidados a ter com a ida às serras. Durante os meses de verão, quando a seca e o calor se fazem sentir com mais intensidade, o risco de incêndio aumenta consideravelmente. Por isso, deixamos um apelo sereno, mas firme: sempre que se pretenda acender uma fogueira, que seja apenas nos locais adequados, e nunca em dias de muito calor ou quando são emitidos avisos de risco elevado. Esta simples atitude é fundamental para proteger a vida, os habitats naturais e o património que todos queremos preservar. A proteção passa também pelos resíduos: levar o lixo connosco, separar o reciclável, evitar deixar vestígios de plástico, papel ou restos alimentares nos espaços naturais. Além do mau aspeto e da proliferação de pragas como ratos, vegetação seca combinada com materiais inflamáveis representa um risco real. Estes gestos simples, mas importantes, contribuem para manter os lugares limpos, seguros e acolhedores para todos.

A Região Autónoma da Madeira possui uma rede de Parques Florestais preparados para receber visitantes. locais como o Chão das Feiteiras, Montado do Pereiro, Fonte do Bispo, Cruzinhas, Chão dos Louros, Pico das Pedras, entre outros, oferecem infraestruturas adequadas para o lazer ao ar livre, como mesas, zonas de sombra, áreas de merenda, lareiras e pontos de água, e estão equipados com sinalética e regras claras de utilização. São o espaço ideal para um convívio saudável com a floresta, sempre respeitando a natureza.

Para os que desejam uma experiência mais prolongada no meio natural, o campismo é permitido, mas exclusivamente em locais designados e com a devida autorização prévia. Esta licença, gratuita, pode ser obtida online através do Portal SIMplifica. A prática do campismo em zonas não autorizadas é proibida e representa um risco para todos, pela ausência de condições adequadas de segurança, higiene e vigilância.

A Madeira conta ainda com uma rede de Percursos Pedestres Classificados (PR), que oferecem experiências únicas na descoberta da biodiversidade e da paisagem da ilha. Estes trilhos estão identificados com sinalética própria e contam com vários equipamentos de segurança à caminhada como varandins e degraus. Utilizar os percursos classificados é a melhor forma de conhecer a floresta e a montanha sem danificar zonas sensíveis ou pôr em risco a integridade de habitats naturais. Relembramos que esta é uma atividade que se mantém gratuita para todos os residentes na Região.

Aproveitar a serra com responsabilidade significa também seguir as indicações das autoridades, como a Polícia Florestal e os Vigilantes da Natureza, respeitar a sinalização, evitar comportamentos de risco, preservar o sossego dos espaços naturais e contribuir para a sua limpeza e conservação. Cada visitante deve assumir o seu papel como guardião do que é de todos.

Este verão, continuemos a ir à serra. Mas façamo-lo com respeito, com civismo, com o cuidado que a natureza merece. Cultivar este equilíbrio — entre fruição e preservação — é garantir que os nossos filhos e netos herdarão florestas saudáveis e paisagens inspiradoras.

A floresta é nossa, de todos nós. Cuidá-la é celebrar a Madeira no seu melhor.

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