Um exemplo a seguir

A vereação socialista na Câmara Municipal do Funchal não deixou grandes recordações. A par das falhas apontadas na gestão municipal, foram tomadas decisões que nada abonam a favor de uma gestão responsável dos dinheiros públicos. É disso exemplo o sucessivo adiamento da construção da ETAR do Funchal – que quase levava a que Portugal fosse condenado pela Comissão Europeia ao pagamento de uma multa, e o não pagamento dos serviços prestados pela ARM, neste caso acumulando uma dívida na ordem das dezenas de milhões de euros.

Ainda na REPER, assisti ao esforço da vereação do PSD na resolução do processo da ETAR do Funchal. Retenho, em especial, o empenho do Dr. Bruno Pereira, prestando todas as informações à Comissão sobre o andamento do projeto, suficientes para que a infração fosse sanada, bem como os esforços da atual vereação para que a obra fosse concluída o mais rapidamente possível, em total contraste com a postura da anterior vereação, cujo principal objetivo consistiu em utilizar este processo como arma de arremesso político contra o Governo Regional.

Foi, pois, com satisfação que tomei conhecimento da conclusão da ETAR do Funchal e do acordo firmado para a regularização das dívidas acumuladas entre 2013 e 2021, neste último caso num exercício exemplar de responsabilidade da atual vereação da Câmara Municipal do Funchal, facilitado pela abertura da ARM e possível graças ao envolvimento direto dos Secretários Regionais de Agricultura e Pescas e das Finanças. Felicito a Dra. Cristina Pedra e o Eng.º Amílcar Gonçalves pelo acordo alcançado, que, com este exemplo, demonstraram que com abertura e diálogo construtivo é possível resolver os diferendos que possam existir entre entidades públicas.

Que outros sigam este exemplo.

Não ao radicalismo

Das coisas que mais me impressionaram do tempo de estudante no Continente, e que ainda hoje guardo na memória, eram as sucessivas greves dos transportes públicos, que causavam o caos e transtornavam a vida dos milhares de passageiros que diariamente, por falta de alternativa, tinham de utilizar aqueles meios de transporte.

Lembro-me da satisfação que me dava saber que nada daquela confusão se passava na Madeira, onde tudo era diferente, para melhor.

Aqui chegados, devo dizer que valorizo muito o papel dos Sindicatos, mas que sou contra o radicalismo de algumas estruturas sindicais, que procuram instrumentalizar os trabalhadores, arrastando-os para ações de protesto que muitas vezes os fazem perder a razão e, paradoxalmente, os prejudicam.

Infelizmente, esse tipo de protestos começa a chegar à Madeira, havendo sindicatos nacionais, em particular na área dos transportes, empenhados em replicar na Região os métodos que há décadas empregam no Continente.

Louvo, por isso, a moderação dos sindicatos regionais ou com centro de decisão na Região, que sem perder de vista a melhoria das condições daqueles que representam – a sua verdadeira missão –, não entram em chantagens nem enveredam pelo radicalismo, sem com isso deixarem de ser firmes defensores dos direitos dos trabalhadores.

Prezo também a firmeza que tem sido demonstrada pelas entidades públicas em não ceder a chantagens, mostrando ao mesmo tempo abertura para, com responsabilidade e realismo, continuar a promover a melhoria das condições laborais dos trabalhadores.

E faço votos para que os trabalhadores da Região não se deixem iludir pelo canto da sereia destes sindicatos nacionais mais radicais, confiando nas estruturas regionais que tão bem os representam.

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