Os medicamentos são a tecnologia em Saúde mais custo-efectiva, e que permite contribuir com um aumento da esperança média de vida, e um aumento da qualidade da mesma, daqui decorre o aforismo – o medicamento é a tecnologia em saúde que mais Anos dá à Vida, e mais Vida aos Anos.
Para poder beneficiar do total potencial dos medicamentos, é condição basal, a disponibilidade atempada do medicamento. É então necessário, direi fundamental garantir o acesso atempado dos cidadãos aos medicamentos, enquanto direito fundamental para a proteção da sua saúde.
Ora nos dias que correm, a problemática da disponibilidade do medicamento, assume destaque nas autoridades europeias, nacionais e em todo o cluster do medicamento, com constituição de grupos de trabalho específicos, para adereçar a problemática.
Este destaque é obviamente resultado no impacto global que se tem feito sentir, no acesso por parte da população a determinados medicamentos.
Para compreendermos melhor a problemática da disponibilidade do medicamento, observemos as principais causas para este “desabastecimento global”:
Do lado da cadeia de abastecimento
Observamos os problemas de produção, que pode englobar, problemas relacionados com a parte fabril, desde as impossibilidades de escalar a produção, até as necessidades de atualização de instalações, e até a concentração produtiva em poucas unidades;
Observamos também, a escassez de matéria-prima, falamos não só das substâncias activas, mas também dos excipientes, que pode derivar também da sua concentração produtiva em poucas localizações;
E finalmente observamos, problemas de logística pura, como instabilidade geopolítica, rotas de materiais, e até desastres naturais.
Do lado da procura
Temos o aumento da procura de medicamentos, seja pela alteração de padrão das prescrições (guidelines, novas indicações) seja pela melhoria da acessibilidade aos cuidados de saúde, quer seja pelo aumento populacional global, em 1987- 5 mil milhões, 1999 – 6 mil milhões, 2011 – 7 mil milhões, 2022 – 8 mil milhões.
Teremos obviamente mais factores, como preços, mercados, decisões de gestão e estratégicas da indústria, e até as próprias entidades reguladoras, e outros a contribuir para este desabastecimento global.
Daqui decorre a complexidade da temática, não só exigindo uma abordagem multinível, para adereçar as causas, quando possível, mas também demonstrando que não é fácil tomar atitudes preventivas ou de mitigação rápidas e eficazes, para uma total disponibilidade atempada dos medicamentos.
Todas as acções que visam melhorar a acessibilidade ao medicamento são bem-vindas, pois contribuem para robustecer o sector com o enfoque no doente.
Desde o dia 16 de junho que as Farmácias apresentam uma ferramenta extra para auxiliar a mitigar, aquele que é o impacto das falhas no acesso ao medicamento por parte dos utentes, com as consequências conhecidas para a sua saúde. Essa ferramenta é a informação em tempo real sobre a disponibilidade do medicamento, tipificado nos seguintes estados “disponível”, “com quantidade limitada”, “em rutura até determinada data”, “sem stock”, “não comercializado” ou “revogado”. Desta maneira permite uma melhor gestão de existências nas Farmácias Comunitárias, permite ao médico ter conhecimento sobre a disponibilidade dos medicamentos em tempo real, permitindo ao mesmo tomar decisões sobre a terapêutica do utente, e permite ao utente uma melhor gestão de expectativas sobre a procura que enceta por determinados medicamentos.
“Se é para já, não é para depois, se não é para depois, é para já, se não é para já, então terá que ser para depois. Estar preparado é tudo” Hamlet – William Shakespeare.
Bruno Olim escreve à quarta-feira, de 4 em 4 semanas.