A população de Gaza “precisa desesperadamente de mais ajuda”, afirmou hoje a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), que, apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, distribui ajuda no território palestiniano desde o final de maio.
“Não podemos atender à escala das necessidades enquanto grandes áreas de Gaza permanecerem fechadas. Estamos a trabalhar com o Governo israelita para garantir que cumpra o seu compromisso e abra mais locais no norte de Gaza”, disse a organização, em comunicado.
A GHF, cujas distribuições de ajuda alimentar têm causado cenas caóticas com registo de vítimas mortais, realçou que está “pronta para colaborar com outras organizações humanitárias para ajudar aqueles que mais precisam”.
Porém, as Nações Unidas e várias organizações humanitárias têm-se recusado a trabalhar com a GHF, por ser apoiada por Telavive e Washington, considerando o seu financiamento opaco e dúbia a sua neutralidade.
Hoje, pelo menos oito pessoas foram mortas enquanto esperavam por distribuições alimentares perto dos centros de distribuição de ajuda administrados pela GHF, informou a Defesa Civil de Gaza à agência noticiosa francesa AFP.
Desde que a GHF iniciou as suas distribuições no final de maio, 450 pessoas foram mortas e quase 3.500 ficaram feridas enquanto tentavam chegar aos pontos de distribuição de ajuda em Gaza, de acordo com a última atualização do Ministério da Saúde do enclave palestiniano, tutelado pelo Hamas, cujos números são considerados confiáveis pelas Nações Unidas.
A GHF nega qualquer incidente nos seus centros, garantindo que continua a “entregar alimentos em segurança”.
Milhares de pessoas deslocam-se todos os dias para várias áreas do território palestiniano sitiado há 20 meses, na esperança de receberem comida, têm constatado os correspondentes internacionais no terreno.
Israel impôs um bloqueio humanitário a Gaza no início de março, parcialmente aliviado no final de maio, mas que não evitou uma grave escassez de alimentos, medicamentos e outros bens essenciais.
As autoridades da Faixa de Gaza, controladas pelo movimento extremista islâmico Hamas, anunciaram hoje que mais de 55.900 pessoas foram mortas e 131.100 feridas na ofensiva militar desencadeada pelo exército israelita.
A 07 de outubro de 2023, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.
Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Israel, o Hamas também fez naquele dia 251 reféns, alguns dos quais continuam em cativeiro.
Na sequência da ofensiva, a Faixa de Gaza, enclave palestiniano sobrepovoado e pobre, está mergulhada numa grave crise humanitária.