No passado sábado, realizou-se o IX Congresso dos Trabalhadores Sociais Democratas da Madeira, foi a nossa reunião magna. Era um congresso aguardado, e deveria ter ocorrido em 2024, mas o ano transacto não permitiu tal desígnio. Em 2024, a social-democracia insular esteve sobre um forte ataque e as contingências políticas e as sucessivas eleições não possibilitaram o esperado congresso. Em política, a legitimação das estruturas e dos órgãos partidários é uma coisa séria, e não deve ser protelada ou adiada sem as devidas justificações.
A estrutura dirigente e respectivos órgãos dos trabalhadores sociais-democratas foram deste modo sufragados e validados por mais um mandato, estruturas estas que tenho o grato prazer e a honra de presidir por mais dois anos. Tem sido um caminho intenso, mas absolutamente revigorante, rodeado de militantes fervorosos, trabalhadores e focados na social-democracia e na comunidade. Os TSD, sem menosprezar os restantes companheiros do nosso partido, têm uma visão ideológica mais vincada e profunda da social-democracia, não tivesse esta nascido no seio de movimentos sindicais. Os TSD não encaram a social-democracia como um meio, mas sim como um fim, as sociedades sociais-democratas, são mais justas, prosperas, dignas e livres.
A social-democracia em que acreditamos é uma ideologia que procura equilibrar os princípios do bem-estar social e da prosperidade económica da comunidade, mas valorizando ao mesmo tempo o indivíduo. Na social-democracia, existe sempre uma rede de proteção que apoia aqueles cidadãos mais desfavorecidos ou incapazes. Mas esta rede deve ser transitória e temporária, nunca uma armadilha social, como muitas vezes ocorre no socialismo. Ela serve para ajudar, mas sem criar dependências permanentes, que imobilizam e estigmatizam a sociedade.
Os Trabalhadores Sociais Democratas, são apologistas de um sindicalismo responsável e ético e refutam os radicalismos divisionistas e destrutivos da luta de classes. Não existem classes, existe sim uma comunidade, um todo, onde existem direitos, mas também deveres, e onde deve imperar a justiça social e a justiça salarial. Salários justos beneficiam não só os trabalhadores individualmente, mas também impulsionam o crescimento económico e a estabilidade social. Aumentam o poder de compra, reduzem a pobreza e fortalecem a nossa comunidade. Contudo, é importante esclarecer que essa equidade não deve ser baseada apenas no salário mínimo. Uma política salarial que se limite a esse nível, muitas vezes associada a uma visão excessivamente socialista, é prejudicial. Estas políticas salariais geram danos irreparáveis na sociedade, contribuindo para o empobrecimento generalizado e a perda de esperança. Justiça salarial não significa todos receberem o mesmo salário baixo — essa é uma visão perniciosa e medíocre, que não representa os nossos valores.
Nós, TSD, temos a noção que a relação entre o salário mínimo e o salário médio é complexa. Quando há uma grande disparidade entre eles, podemos estar perante uma desigualdade de rendimentos, onde quem recebe o salário mínimo luta para sobreviver, enquanto os que ganham mais desfrutam de maior prosperidade. Mas, se estes dois salários estiverem muito próximos, isso pode criar um sentimento de injustiça e uma sensação de trabalho indiferenciado e desmotivado. Em Portugal, nos últimos dez anos, o salário mínimo subiu, em termos relativos, mais do dobro do que o salário médio. Não podemos ignorar que quem recebe o salário mínimo muitas vezes não paga impostos, enquanto a maioria da classe média é altamente tributada. Esses contribuintes são os verdadeiros financiadores do Estado e dos serviços públicos. São eles que contraíram empréstimos para comprar casa, que querem oferecer uma educação de qualidade aos filhos e que, ano após ano, enfrentam dificuldades e desesperança.
A classe média, composta maioritariamente por cidadãos que acreditam na social-democracia, está hoje sob um ataque feroz. Este assalto à dignidade e à liberdade de escolha das famílias da classe média está a transformar a sociedade portuguesa numa massa homogénea de trabalhadores mono-remunerados. A estagnação salarial dos últimos anos está a proletarizar o país, gerando inflexões eleitorais em direcção a soluções políticas radicais e menos adequadas, onde muitos políticos não sabem o que fazer, mas dizem aquilo que as pessoas querem ouvir.
Estas serão as grandes bandeiras dos TSD Madeira para o corrente mandato, a luta por uma sociedade mais justa, por uma maior justiça salarial, pugnando pelo aumento do rendimento das famílias da classe média, e por uma inabalável esperança no futuro, uma esperança que só pode vir da social-democracia.