O deputado Francisco Gomes, eleito pelo Chega para a Assembleia da República, denuncia como “insulto aos madeirenses” o facto de o programa de governo apresentado por Luís Montenegro dedicar à Região “uma dúzia de linhas e menos de setenta palavras, incluindo apenas duas referências à Madeira e três referência à autonomia”. Para o parlamentar, esta omissão mostra que o PSD só se lembra da Região em período eleitoral.
“Prometeram autonomia, mas bastou chegarem ao poder para pôr em cima da mesma um molhe de generalidade e reduzir a Madeira a notas de rodapé. Esta ausência de conteúdo demonstra que o PSD não liga à nossa autonomia nem aos madeirenses”, disse Francisco Gomes, deputado na Assembleia da República.
O deputado recorda que, mesmo antes da legislatura arrancar, o PSD recuou na promessa de avançar com a revisão constitucional – algo que o parlamentar do Chega diz ser essencial ao reforço autonómico – alinhando‑se com a “traição sistemática” que acusa de ser prática do PSD há décadas.
Além do “desprezo pela Madeira”, Francisco Gomes critica o programa como um todo, afirmando que não contém uma ideia inovadora para enfrentar os problemas que empobrecem Portugal.
O programa, na sua análise, está marcado por “falta de ambição política, ausência de coragem reformista e total falta de rasgo para enfrentar os bloqueios que, há décadas, travam o crescimento e o desenvolvimento do país”. Também considera que, na parte do governo da República, não há rumo, vontade transformadora ou visão de longo prazo.
Segundo Francisco Gomes, nas áreas onde o governo apresenta medidas – como segurança interna e imigração –o PSD limita‑se a “ir atrás de propostas que o Chega já vem defendendo”, mas sem reconhecer a origem nem dialogar com o líder da oposição.
“Vemos uma apropriação descarada das bandeiras do Chega, mas sem a humildade democrática e sem diálogo. É a arrogância de quem quer parecer determinado e pronto para mudar Portugal, mas sem ter ideias próprias.”
O parlamentar antecipa que tal postura custará cara a Montenegro quando chegar a hora de aprovar o Orçamento do Estado, momento em que, prevê, o PSD procurará entendimentos com o PS, dois partidos que, na sua opinião, vivem da mesma lógica de “negociatas e tachos, sem reformas estruturais”.
“O Chega é a única força realmente determinada a lutar pela autonomia e a romper com décadas de estagnação. PSD e PS são, cada vez mais, dois partidos de Esquerda, sem coragem para mudar Portugal.”