Soweto – 49 anos depois, dissemelhanças persistem

Amanhã, a África do Sul assinala o Dia da Juventude, um feriado nacional que comemora a Revolta dos Estudantes do Soweto, comumente conhecida como a revolta da Class76. O feriado homenageia a façanha corajosa de jovens heróis que fizeram genufletir o “apartheid”.

Na Kumalo Road, Orlando West, Soweto os episódios registados na manhã daquele dia turbulento e de grande violência foram espoletados pela tentativa do governo de então intentar a injunção do africânder como a língua de ensino nas escolas da África do Sul.

Na escaramuça entre estudantes e a polícia, Hector Petersen, um jovem estudante de 13 anos de idade, foi baleado vindo a falecer em consequência dos ferimentos recebidos.

Petersen tornou-se a imagem, um símbolo icónico da Class76 que fez eclodir a Revolta Estudantil no Soweto, coração da luta anti-apartheid.

Uma fotografia da autoria de Sam Nzima de Hector Petersen, ferido e moribundo sendo transportado por um colega estudante foi publicada em todo o mundo.

Esta segunda-feira é comemorado o Dia da Juventude junto a um monumento erigido em sua memória, em Orlando West, próximo do local onde Petersen foi atingido com um projétil.

A mensagem dos estudantes do Soweto era muito simples: O não à imposição da língua africâner como idioma obrigatório de ensino em todas as disciplinas e em todos os estabelecimentos de ensino, o que ficou atestado ser inaceitável.

Como não podia deixar de ser, este episódio sangrento deixou marcas profundas e dolorosas e foi um ponto de não retorno que constituiu uma predição para o fim do regime “apartheid”, como veio a suceder em 1994 com a incoação da democracia.

A coragem e a contribuição dos estudantes, Classe76, é reconhecida por todos na África do Sul e para além-fronteiras.

Lamentavelmente, apesar do denodo, sacrifícios e perda de vidas patenteados pelos jovens do Soweto em prol da liberdade política e cívica, a igualdade educacional plena ainda se encontra bastante distante e a realidade económica não permite custear os estudos, para além de continuarem a enfrentar injustiças, crime, violência e miséria 49 anos após a revolução.

Não obstante o símbolo de resistência contra o “apartheid” protagonizado pela Class76, continuam, lamentavelmente, nos dias de hoje, as dissemelhanças.

O feriado nacional de amanhã é celebrado com vários eventos e atividades, incluindo concertos, exibições e programas educacionais, de modo a honrar o legado da juventude que lutou pela liberdade.

É também um dia de reflexão sobre este significante evento da história da África do Sul, um momento pivotal da luta contra o “apartheid”, injustiça e a opressão.

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