Óbito de Martins Júnior: Livre homenageia “uma das vozes mais corajosas e insubmissas”

O Livre Madeira lamentou hoje “profundamente” a morte do padre José Martins Júnior — “uma das vozes mais corajosas, comprometidas e insubmissas da história contemporânea da Região Autónoma da Madeira”.

“Hoje não choramos apenas a sua partida — gritamos a sua ausência como se fosse um tambor batendo no peito da história. Perdemos um profeta. Um homem de fé que rasgou os véus da hipocrisia, que não se curvou ao poder, que fez do Evangelho uma arma contra a injustiça”, escreve o partido, numa nota de pesar enviada às redações.

“Padre Martins Júnior foi perseguição enfrentada de cabeça erguida. Foi altar e trincheira. Foi missa e manifestação. Foi cruz e punho cerrado. Um revolucionário que ousou viver a fé de Jesus com radicalidade — ao lado do povo, dentro da lama, contra o sistema que oprime”, acrescenta.

Padre na freguesia da Ribeira Seca, foi ali que travou algumas das suas batalhas mais marcantes contra a “aliança tóxica entre o poder político e a hierarquia eclesiástica”, analisa também a nota, considerando que “a sua paróquia tornou-se um território livre dentro de uma Madeira amordaçada, e a sua fé cristã — profundamente enraizada no Evangelho — foi sempre a sua bússola ética”.

“A minha Igreja é a que está ao lado dos pobres, não dos poderosos”, cita o Livre, mencionando que esta sua afirmação não foi apenas uma frase: “foi um princípio de vida”.

“Foi por essa fidelidade aos mais humildes que foi perseguido, silenciado e afastado. Mas nunca se calou. Nunca traiu o povo. Nunca traiu a sua fé”, sinaliza.

Martins Júnior “mostrou-nos que ser padre é, antes de tudo, estar ao lado dos que sofrem. Que a fé, quando autêntica, é uma força revolucionária. Que o altar não deve servir os palácios, mas as causas do povo”, prossegue.

Para o Livre, “o seu exemplo é um farol para quem continua a lutar por uma Madeira mais justa, mais livre e mais igualitária. A sua coragem continuará a inspirar todas e todos que se recusam a calar perante a injustiça, o medo e a mentira”.

“Ficam todas as sementes que espalhou ao longo da vida, e uma coluna vertebral inquebrável que sustenta a identidade de um povo”, acrescenta, referindo que o Livre Madeira “honra a memória de um revolucionário da palavra e da ação”.

“À sua família, amigos, à comunidade da Ribeira Seca e a todos os que partilharam com ele a caminhada da fé, da liberdade e da justiça, deixamos a nossa solidariedade e o nosso compromisso de manter viva a sua luta”, refere ainda, desejando que “que descanse em paz aquele que nunca descansou de lutar pela paz, pela justiça e pelo amor”.

“A luta continua”, promete o Livre.

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