Não é a primeira vez que trago a público este tema. Na verdade, é tão comum a tantos de nós no nosso quotidiano, pelo cruzamento com personagens que padecem destes distúrbios de personalidade que estão tipificadas como patologias na Psicologia.
Livros não faltam sobre esta matéria, desde “Desvendando a Síndrome do pequeno Poder: A Face Oculta de Manipulação” de Jean Charles; ou “O Pequeno Ditador” de Javier Urra e, salvaguardando tecnicamente as diferenças entre cada protótipo, na gíria comum tanto um como outro se podem definir e entrelaçar como sendo bullys (agressores peritos na prática de intimidar, humilhar ou atormentar outras pessoas).
Estas pessoas (que podem coexistir connosco na escola ou no nosso local de trabalho, por exemplo) exorbitam a sua autoridade quando lhes é dada uma ínfima “côdea de poder” e por norma não têm qualquer empatia com o outro, humilhando-o mesmo (no trabalho assume contornos de assédio laboral, tipificado por lei como sendo crime); e quando tentam demonstrar alguma preocupação com o outro não é mais do que um artefacto de manipulação – aliás, outra das suas características é serem manipuladores e mentirosos. Individualistas e egocêntricos. E tóxicos, quais Narcisos, que transformam os outros em pedra ante o (seu) espelho que mais lhe convém.
Mas é interessante ir lendo sobre esta síndrome e os seus tiques ditatoriais, porque eis que a psicologia a descreve equiparando-a a uma “questão animal” que pode esconder um grande complexo de inferioridade: são pessoas mal amadas, porventura, mas certamente mal educadas e mal formadas pessoal e humanamente que têm necessidade de rebaixar o outro para se sentirem “maiores”.
Não se preocupam com os outros e menos ainda com as consequências das suas ações – são pessoas transtornadas, e tantas vezes descompensadas emocional e psicologicamente ao ponto de não raras vezes destratarem a própria família. Estes pequenos ditadores de pequeno poder minam as relações sociais por onde passam, tal é a sua arrogância, autoritarismo e conduta e prática abusivas.
Ainda na linha do que fui conseguindo ler, estas pessoas sentem-se (ridiculamente, acrescento eu) superiores a outras pessoas, abusando de outrem em nome de um poder que têm – ou que julgam ter, pois é-lhe aflitivo aquele sentimento que lhe és próprio de “menos valia”, sobretudo perante quem acham que lhes pode fazer “sombra” ou que seja um risco para a sua (patética, acrescento eu também) autoridade.
São pessoas agressivas, despóticas e…. patéticas, porque confundem conceitos de poder como autoridade e autoritarismo. Não angariam respeito dos outros e menos ainda reconhecimento pessoal ou mesmo profissional, porque quando se recorre à violência, ao autoritarismo para se afirmar e subjugar os outros germinam-se conflitos que prejudicam os locais de trabalho, comprometendo a qualidade e competência dos seus serviços e o ambiente propício à produtividade de todos os envolvidos.
Estas pessoas, na verdade sem qualquer autoridade (mas com muito autoritarismo) não reflectem sobre o livre consentimento do outro, sobre a liberdade das relações humanas e são um obstáculo à estabilidade de serviços.
E como lidar então com estes pequenos ditadores? Sem medo! E, no mínimo, estabelecendo limites de convivência. No máximo, há mecanismos legais de proteção para uma vítima de assédio ou abuso no seu local de trabalho, ou noutro contexto.