Com bonecos como bebés, cidadãos evocam no Porto morte de crianças palestinianas (com fotos)

Com esta ação, pretende-se “alertar todas as pessoas que por aqui passam nos Serralves em Festa”, afirmou Catarina Milhazes.

Mais de uma centena de pessoas, algumas segurando bonecos envoltos em panos brancos, reuniram-se hoje junto a Serralves, no Porto, para evocar o sofrimento e a morte de crianças palestinianas.

No Dia Mundial da Criança, cada um destes bonecos quis lembrar as crianças mortas na Palestina, estimando-se que 16 mil crianças morreram vítimas de bombardeamentos, fome, sede e doenças que podiam ser tratadas, na sequência da incursão israelita.

Durante a manhã, junto à Fundação de Serralves, na porta de entrada para o Serralves em Festa, homens, mulheres e crianças, clamaram justiça, lembrando também os pais que veem os seus filhos morrerem-lhe nos braços.

“O mais insuportável é que isto se tornou ‘normal’. É um escândalo humanitário, mas já não indigna como devia. Tornou-se ruído de fundo. A nossa capacidade de nos comovermos parece anestesiada. Como se isto não tivesse responsáveis”, afirmou Catarina Milhazes.

Com esta ação, pretende-se “alertar todas as pessoas que por aqui passam nos Serralves em Festa”, afirmou Catarina Milhazes.

“Aproveitamos esta ocasião de um evento na cidade do Porto que recebe milhares de pessoas para alertar e sensibilizar para aquilo que está a acontecer na Palestina”, acrescentou a porta-voz deste movimento de cidadãos, que falava à Lusa com a sua filha de pouco mais de um ano ao colo.

A porta-voz sublinhou que as mães e os pais ali presentes, “não são tipicamente ativistas”, são pessoas que se sentem “revoltadas” com o que se passa na Faixa de Gaza, que é “inquestionavelmente já um genocídio”, mas também em todo o território da Palestina.

Catarina Milhazes criticou o que considera ser o silêncio das instituições europeias e do Governo português, referindo-se não só às ações militares de Israel mas também aos “colonos israelitas”, que disse, têm “levado a cabo a continuação da limpeza étnica”.

“E esse é o projeto israelita desde sempre. E, portanto, os cidadãos portugueses e europeus têm vindo a contestá-lo muitas vezes, assim como pessoas espalhadas pelo mundo, da Etiópia ao Senegal, Marrocos, América Latina, aos países da Ásia. É o mundo inteiro, é a população do mundo contra o genocídio”, acrescentou.

Para a porta-voz, é chegada a hora de “responsabilizar as instituições que não fazem nada perante aquilo que a população do mundo está a dizer”.

“É isso que viemos fazer, viemos dizer-lhes isso mais uma vez, em massa, sempre que conseguirmos mobilizar as pessoas, cada vez mais gente que não se considera ativista junta-se a nós. Queremos também sensibilizar as pessoas para aquilo que no dia-a-dia podem fazer, nomeadamente sobre o boicote comercial aos produtos israelitas, que é decisivo para enfraquecer a economia de Israel e levar a que as próprias pessoas, os israelitas que lá vivem, sintam que têm que parar aquilo também”, afirmou Catarina Milhazes.

Além de bonecos envoltos em panos brancos, os participantes exibiam cartazes, onde se liam mensagens como “Este é um apelo ao desmantelamento do regime que massacra sob o pretexto da autodefesa”, “Ocupam, torturam, matam, sujeitam famílias e crianças à fome e chamam-lhe depois ‘contraterrorismo’” ou “Israel mata uma criança cada 45 minutos”, entre outras.

Do outro lado da Avenida Marechal Gomes da Costa, os condutores dos carros buzinavam e gritavam “Palestina” ou “Palestina livre”.

Esta ação contou com a participação do Coletivo pela Libertação da Palestina, Estudantes do Porto em Defesa pela Palestina, com o grupo ‘Parents for Peace’ e outros coletivos.

Depois de uma manhã junto a Serralves, o grupo segue, à tarde, para a marginal da Avenida do Brasil, onde espalhará roupas de criança pelo chão, simulando os corpos que continuam a cair em Gaza.

“Não devemos responder com silêncio. Não vale de nada dizer que nada muda, porque a história mostra o contrário. A escravidão acabou nos Estados Unidos, o apartheid foi derrubado na África do Sul, os direitos das mulheres avançaram, Timor-Leste conquistou a sua independência. Tudo graças à força do povo, à mobilização, à pressão coletiva”, disse Catarina Milhazes.

Considerou ainda que é urgente refletir sobre a fraca adesão às manifestações.

“Quando nos juntamos, deixamos de ser indivíduos isolados e tornamo-nos movimento, pressão e comunidade. E isso tem impacto real. Durante estas ações, entregamos panfletos com informação concreta sobre como cada pessoa pode intervir: assinando petições, participando em boicotes a produtos e marcas israelitas, pressionando representantes políticos” porque “cada gesto conta. Cada silêncio também”.

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