O concelho da Ponta do Sol dá hoje palco ao encerramento do 12.º Encontro Nacional de Cidades e Vilas Resilientes, numa sessão marcada pelo discurso da presidente da Câmara Municipal, Célia Pessegueiro, que destacou os avanços alcançados pelo município na construção de uma comunidade mais segura, preparada e resiliente.
Na sua intervenção, a autarca sublinhou a importância de integrar a Rede de Vilas e Cidades Resilientes e a Plataforma Nacional para a Redução do Risco de Catástrofes, adesão concretizada em 2022, pouco tempo depois da criação do Serviço Municipal de Proteção Civil. “A nossa participação neste esforço nacional tem-nos permitido crescer, aprender, fazer mais e melhor pela Ponta do Sol”, referiu.
Célia Pessegueiro relembrou ainda a criação recente do Serviço Municipal de Proteção Civil, que tem apenas três anos de existência, destacando a sua relevância para a coordenação da resposta a situações de emergência e para a prevenção dos riscos. “Com uma equipa dedicada e uma abordagem integrada, o serviço tem vindo a reforçar a capacidade de resposta do concelho a múltiplas ocorrências, com foco particular na prevenção”, lê-se em nota enviada às redações.
Entre os exemplos que mencionou no seu discurso, a presidente destacou dois momentos “particularmente marcantes” na trajetória recente da Proteção Civil da Ponta do Sol: o combate ao incêndio de agosto de 2024 e as intervenções estruturais no sistema de drenagem do concelho.
O incêndio de agosto de 2024 foi descrito como “o desafio mais longo e humanamente exigente” enfrentado pelo concelho. Originado num município vizinho, o fogo alastrou rapidamente a sete concelhos da Região Autónoma da Madeira, permanecendo ativo durante sete dias consecutivos na Ponta do Sol. A autarca salientou a capacidade de resposta demonstrada pelas equipas locais, nomeadamente os Bombeiros da Ribeira Brava e Ponta do Sol, em articulação com forças nacionais como a Força Especial de Proteção Civil, a GNR, os Sapadores Florestais e diversas corporações de bombeiros. “O esforço conjunto, aliado a um profundo conhecimento do território e a uma logística eficiente, permitiu uma atuação eficaz no terreno, onde a intervenção terrestre foi essencial e apoiada por meios aéreos, cuja eficácia se revelou determinante após anos de adiamentos e subutilização”, refere a nota.
“Relativamente aos sistemas de drenagem, a presidente destacou o trabalho de prevenção realizado ao longo dos últimos anos no que respeita à resposta a chuvas intensas e enxurradas repentinas, fenómenos frequentes devido à orografia acentuada do concelho. Recordando os trágicos acontecimentos de 20 de fevereiro de 2010, sublinhou a importância de manter viva a memória coletiva sobre as zonas mais vulneráveis. Neste contexto, o município tem investido na reabilitação e no alargamento de canais de escoamento, muitos dos quais tinham vindo a ser progressivamente estreitados ao longo das décadas, tradasos, muitas vezes, como meras levadas de rega, sem capacidade de lidar com a intensidade das chuvas atuais. Esta aposta tem permitido uma gestão mais eficaz das águas pluviais e a mitigação de riscos em áreas críticas, com alguns pontos do concelho já a dispensarem intervenções de emergência durante episódios de pluviosidade mais intensa — resultado direto de obras estruturais baseadas na experiência e observação dos últimos anos”, denota a autarquia.
Estas ações, enfatizou a presidente, “são provas concretas do compromisso da autarquia com a segurança e a resiliência do território, transformando aprendizagens do passado em soluções duradouras para o futuro”.
Célia Pessegueiro alertou igualmente para os riscos associados ao crescimento do turismo e às práticas desinformadas por parte dos visitantes, nomeadamente nas zonas de montanha e levadas. “Arrisca-se demasiado para conseguir uma selfie e, às vezes, infelizmente, paga-se com a própria vida”, afirmou, apelando a uma maior consciencialização e prevenção.
No encerramento do encontro, saudou ainda os municípios de Machico e do Funchal, parceiros na coorganização do evento, destacando que “nenhum território é verdadeiramente resiliente se estiver isolado”. A cooperação intermunicipal e o trabalho em rede foram apontados como essenciais para enfrentar os desafios atuais e futuros da proteção civil.
O 12.º Encontro Nacional de Cidades e Vilas Resilientes reuniu durante três dias representantes de todo o país, técnicos, autarcas e especialistas nas áreas da emergência, planeamento, ambiente e proteção civil, reforçando o compromisso nacional com a redução do risco de catástrofes e a construção de comunidades mais resilientes.