Ingovernabilidade, revisão constitucional e… tristezas

As eleições nacionais potenciam uma futura ingovernabilidade do País, ou, em alternativa, uma oportunidade única para rever a Constituição.

Foi nesse sentido que sempre defendi a solução governativa “bloco central”, compromisso a quatro anos desde que para fazer a de há muito adiada revisão constitucional, uma reforma do Sistema Político para regenerar o Regime Democrático.

E, agora, são ainda necessários os Liberais.

Tal revisão impõe-se, mesmo contra os interesses sem rosto que parecem dominar o PS e o PSD. Interesses económico-financeiros que querem manter o actual “status-quo”.

Porém, após eleições, se não for possível ir por aqui a revisão constitucional, há agora alternativa pela “direita”.

A Direção nacional do PSD tem a obrigação COERENTE para com os Portugueses de aproveitá-la, caso o PS falhe.

O actual momento europeu demonstra que quando a extrema-direita é chamada a responsabilidades governamentais em minoria, toma juízo, respeita as regras do jogo democrático e, assim, vai ficando esvaziada de eleitorado.

A Direcção nacional do PSD tem agora mais uma possível alternativa para COERENTEMENTE reformar a Constituição da República e também trazer a Estabilidade e o consequente Desenvolvimento Integral.

O Povo Soberano foi claro: Centro e Direita, a maioria bastante para cumprir o Dever de alterar o Sistema Político.

Se esta Direcção nacional do PSD não cumprir com os Portugueses nesta ocasião única que se oferece, terá de ser demitida.

Entretanto, 54% dos Eleitores inscritos na Região votaram, numa abstenção superior à nacional. Se juntarmos e retirarmos os 12% do JPP e os votos nulos, à volta de 7% do total de inscritos, vemos que quase metade dos Eleitores madeirenses inscritos votaram em direcções partidárias lisboetas que, numa arrogância colonial, nestas eleições não se comprometeram no tocante às grandes questões que preocupam o futuro do Povo Madeirense!

Ainda que crescendo em relação às eleições nacionais de há um ano, mas com estes números perdendo a maioria absoluta dos lugares no Parlamento regional, nem em coligação o PSD consegue voltar às maiorias absolutas de votos, apesar de se viver em conjunturas muito menos difíceis que as dos meus Governos.

Claro que respeito o voto em consciência de cada um.

Claro que também faço questão de não esconder que dei um traço, de alto a baixo, no boletim de voto, porque, tratando-se de eleições nacionais, qualquer Madeirense tinha o Direito de saber o que o Estado central, afinal, pretende de nós. Que relacionamento espera ter connosco.

Os partidos, na sua demonstrada mediocridade, não se dignaram dizer-nos.

Por respeitar o voto em consciência de cada um e porque só a mim próprio me represento, nem me atrevi a qualquer sugestão de voto. Não quero estragar as festas das “vitórias” que a História dirá se efémeras, nem as dos oportunistas das fotografias.

Mais sou claro.

Primeiro. Desde a Fundação do PSD/Madeira, e nos termos do acordo então assinado em Agosto de 1974 com o na altura PPD nacional, pessoalmente nunca escondi que, para mim, primeiro está a Madeira, só depois o Partido.

Aceitaram-me assim. Até os partidocratas fanáticos.

Posição que, ao longo de quarenta anos, me trouxe hostilidade crescente no seio partidário por parte daqueles que não aceitavam o Partido ser um instrumento para construir e realizar a Madeira.

Querem-no objectivo principal. Mas seu instrumento pessoal.

Segundo. Porque não ando no mundo ao sabor dos ventos que sopram em cada momento, ideologicamente continuo sá-carneirista, o que significa ser Social-Democrata, ser pela descentralização política que dignifica o primado da Pessoa Humana, e ser por uma Política de Causas.

Venho-me distanciando da mudança do ADN do PSD nacional desde Passos Coelho, uma mudança para o centralismo político-administrativo, para o liberalismo, e para o economicismo, seguida por estes seus continuadores.

Recuso, quer a nível nacional, quer a nível regional, a deriva ideológica do Centro para a “direita”. Só se em necessidade nacional de coligações.

Estas as razões de tudo o que passei e percorri nos últimos quinze anos.

Nos defeitos / qualidades de um “filho único”, está não ir dependurado em quem quer que seja; não ter a preocupação de seguir modas; não viver na ansiedade de estar no seio das maiorias.

Mas choca-me a repetição histórica da queda dos madeirenses na autofagia, quando os últimos dez anos demonstraram que a política de rendição não serve ao Povo Madeirense.

Choca-me o conformismo de cair no medo de ir para a frente, quando antes ficara claro que Lisboa, até historicamente, só entende a linguagem da firmeza.

Choca-me o agachar às determinações partidárias de Lisboa, mesmo quando sacrificam, ignoram ou desprezam a Madeira.

O que me leva a perguntar porque é esta actual geração tão diferente da minha.

Mas, depois de um melhor conhecimento da geração que se lhe seguirá, tenho a convicção que, de novo, as coisas mudarão e ninguém mais trocará a Autonomia Evolutiva por favores nebulosíssimos.

A actual geração que domina as decisões, corre o risco de ser confundida com alguns sócios de um certo Clube que, quando tudo estava montado para o seu relançamento ao mais alto nível, suicidaram-no. E, ainda por cima, agora perdedores, aplaudem, na própria derrota, outras vitórias no Rectângulo longínquo.

Entregam-se a vitórias que não são as nossas.

Tornam-se indiferentes às Vitórias que são nossos Direitos, por enquanto impedidos.

Leave a comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *