O Clube de Ecologia Barbusano, da Escola Secundária de Francisco Franco, realizou uma saída de campo, no dia 17 de maio, num percurso que se iniciou na freguesia de Machico e terminou na freguesia do Caniçal.
Conforme descreve nota de imprensa da escola, a caminhada teve início na Estrada Nova da Ribeira Seca e, após uma subida de cerca de 500 metros, o grupo chegou à Levada dos Maroços. O percurso foi feito para leste, ao longo da esplanada da levada, em direção ao túnel do Caniçal. Este canal foi construído em 1949, tendo melhorado substancialmente as condições de vida dos habitantes de Machico e do Caniçal, em virtude da disponibilidade de água que permitia aumentar as terras de regadio.
As terras situadas acima da levada, devido à escassez de água, “encontram-se maioritariamente ao abandono, encontrando-se infestadas por acácias, plantas pirófitas, que aumentam o risco de incêndio”, refere a mesma nota, que acrescenta que a água “é um bem essencial, pelo que é muito importante a sua boa gestão, devendo ser usada com critério, mais ainda pelo atual contexto das alterações climáticas.” “É oportuno enaltecer o povo de Machico que, apesar das dificuldades, não abandonou os campos e continua a cultivá-los, contribuindo para o desenvolvimento local.”
Chegados ao Caniçal, após o atravessamento do conhecido “furado”, foi retomada a levada que passa a norte do aglomerado populacional desta vila. Ao longo deste trajeto predomina a vegetação originária da ilha, com destaque para as malfuradas, mas com as acácias a dominarem a paisagem das zonas mais altas. “Estas plantas, agora invasoras e muito problemáticas, foram inicialmente plantadas para abastecer as populações de lenha e para travar a erosão dos solos, causada pelas águas torrenciais e pelo vento”, especifica a mesma nota.
A saída de campo terminou a norte da nova Zona Franca Industrial, junto ao novo cemitério do Caniçal, área onde a paisagem foi moldada pela erosão dos solos, resultante das águas de escorrência e ventos intensos, conferindo-lhe uma tonalidade amarelada e avermelhada. Aqui, apesar da aridez, resistem, a espaços, exemplares da vegetação indígena como o funcho marinho, estreleiras, perpétuas, goivos da rocha e, também, tufos de juncos, que aprisionam o solo em zonas mais declivosas. “Constatou-se que o número de visitantes neste local é significativo, o que agrava a erosão do solo e destrói a escassa vegetação nativa, pelo que se recomenda o controlo do acesso ao mesmo, até por uma questão de segurança das pessoas.”
“É bom lembrar que o período compreendido entre 2021 e 2030 corresponde à Década das Nações Unidas para a Recuperação dos Ecossistemas”, conclui.