A Comissão Europeia considerou hoje que a situação humanitária em Gaza “é uma catástrofe” e advertiu que Israel tem de deixar entrar assistência humanitária “como poder ocupante”, sendo que o que entrou “ainda não foi distribuído”.
“A situação em Gaza é uma catástrofe e a ajuda que Israel deixou entrar é uma gota no oceano […], durante 80 dias, Israel bloqueou a entrada de qualquer assistência humanitária, 80 dias sem comida, sem medicamentos, sem coisas vitais”, disse o comissário para a Justiça Intergeracional, Glenn Micallef, durante um debate no Parlamento Europeu, em Bruxelas.
O comissário acrescentou que pelo menos “100 crianças já morreram à fome” e que “80.000 estão em risco”.
“A União Europeia tem insistido que este bloqueio tem de acabar, Israel, como poder ocupante, tem de garantir o acesso à ajuda humanitária”, advertiu o elemento do executivo de Ursula von der Leyen.
Desde que, no domingo, Israel cedeu em parte à pressão internacional, “a quantidade de ajuda humanitária que entrou foi insuficiente”.
“O que entrou, ainda não foi distribuído pelas pessoas que necessitam, a ajuda [humanitária] tem de fluir imediatamente, sem obstruções e a uma escala que salve vidas”, exortou o responsável europeu, considerando que a proposta israelita para a gestão e a distribuição dos recursos humanitárias “diminui estes esforços”.
Os Emirados Árabes Unidos chegaram a um acordo com Israel para permitir a entrega de ajuda humanitária urgente à Faixa de Gaza, de acordo com um comunicado publicado pela agência de notícias oficial dos Emirados WAM.
O chefe da diplomacia dos Emirados, Abdullah bin Zayed al-Nahyan, “conversou por telefone com Gideon Saar, ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, o que levou a um acordo que autoriza a entrega de ajuda humanitária urgente pelos Emirados Árabes Unidos”, acrescentou a WAM.
Esta entrega de ajuda vai satisfazer, numa fase inicial, as necessidades de aproximadamente 15.000 pessoas, indicou.
O subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, alertou na terça-feira que cerca de 14 mil bebés poderão morrer na Faixa de Gaza nas próximas 48 horas se os mantimentos não chegarem imediatamente ao enclave palestiniano.
Também na terça-feira, as autoridades israelitas anunciaram que 93 camiões de ajuda humanitária da ONU entraram na Faixa de Gaza, um dia depois de apenas nove terem sido autorizados, de acordo com a ONU.
No mesmo dia, a UE anunciou a revisão do acordo de associação com Israel, por bloquear há mais de dois meses a entrada de comida e ajuda humanitária na Faixa de Gaza e pelos bombardeamentos no enclave.
“Há uma maioria a favor de fazer uma revisão do artigo [sobre o respeito pelos direitos humanos] do nosso acordo de associação com Israel”, anunciou a alta-representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, no final de uma reunião dos chefes da diplomacia dos 27, em Bruxelas.