A música que ressuscita o Festival de luzes

Dizem que quem faz o bem aos outros também se beneficia a si, principalmente quando o destinatário da bondade é quem nos faz mal. Dizem… Também porque é fácil dizê-lo. Mas Mahatma Ghandi houve só um. E até ele se indignava com as injustiças e com quem as promovia.

O mais fácil é mesmo falar. Não tem mal nenhum, atenção. E até se devia professar mais a generosidade ilimitada. Seria uma forma de contrariar a maldade que prolifera em todos os cantos e recantos, aprofundada nesta era digital.

Se é dos que fala sobre o bem, mas não pratica o que diz, não se sinta mal por isso. Não importa. Pelo menos não contribui para o envenenamento da sociedade.

De facto, o que mais se ouve é dizer mal de tudo e de todos. E são poucos os que criticam quem começa a criticar. O mais certo é que depois de ouvir um conto acrescente também um ponto. Até para não se sentir deslocado, como cantam os NAPA, que sabem bem o que é estar na boca do mundo, pelo bem e pelo mal.

Lembram-se? Primeiro não mereciam ter conquistado o País. Depois, iriam manchar o nome de Portugal na Eurovisão. Agora, passaram… mas só por milagre, claro. Só que há igualmente um mundo inteiro que aprova a música e se emociona com a sua mensagem e sonoridade.

Opiniões são como os chapéus. Há muitas. E todos têm direito à sua. Embora haja sempre quem procure mediatizá-la ao ponto de aproveitar a onda mediática e se empoleirar. Muitas vezes caem com estrondo. Raramente se retratam dos equívocos que sopram com a convicção dos mais sábios. Aliás, não raras vezes, quem revela mais jeito para a argumentação tem menos razão. É preciso, portanto, estar atento e não se deixar enrolar.

Os NAPA, defendidos pela generosidade e entusiasmo de quem se apercebe que está a desfrutar de uma canção que vai perdurar no tempo, voltam hoje a atuar para toda a Europa. Guilherme Gomes, Francisco Sousa, João Rodrigues, Diogo Góis, Lourenço Gomes ou André Santos, embora sejam mais os que mantêm a máquina afinada, já provaram que podem estilhaçar a concorrência e até contrariar os especialistas das redes e as pseudo-bolsas de apostas.

Despidos de luzes, brilhantes, trajes mais ou menos provocantes ou espetáculos coreográficos que incluem até cenografia, os NAPA apostam ‘apenas’ na música num Festival que parece se ter esquecido de valorizar o essencial: a canção.

Foi precisamente a voz de Salvador Sobral que conquistou o concurso em 2017. Agora, ninguém exige (mais) tamanho sucesso aos NAPA. Já fizeram o (im)possível. Calaram os críticos (alguns que nunca se calam!) e deram valor à música nacional, evidenciando a forma como a harmonia, cantada em português, consegue tocar o coração de todos. Dos deslocados e de quem vive com saudade de quem saiu de casa. E até de quem sabe se colocar no lugar dos outros.

Aos deslocados, por mais que possa parecer, os NAPA não produziram apenas uma simples canção. Ofereceram um hino, um sinal claro de que a saudade não é apenas sinónimo de tristeza, mas um desejo de reencontro com aqueles que nos asseguram a plenitude.

Fora das casas de apostas. Dentro de todas as outras casas, pelo menos da maioria. Os NAPA ecoam a emoção do talento regional que contagiou um mar de gente, com um sol diferente, que emociona quem procura a felicidade e a segurança de casa. Simples e forte.

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