Papa: Leão XIV é fã de Cristiano Ronaldo, admira o cardeal Tolentino e lê em português

Leão XIV é fã de Cristiano Ronaldo, admira o cardeal Tolentino e lê em português, segundo fontes que conviveram com o papa.

Leão XIV prefere Cristiano Ronaldo a Lionel Messi, admira a obra do cardeal português José Tolentino de Mendonça e entende bem o português, disseram à Lusa fontes que conviveram com o papa.

“No futebol, o padre Robert Prevost gostava muito dos argentinos, mas entre Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, preferia o jogador português. Valorizava a disciplina, a constância e o facto de Cristiano Ronaldo se exigir mais para conquistar. Destacava no jogador português o trabalho, a paciência e o esforço por ir de menos a mais”, disse à Lusa José María Nuñez, antigo acólito do então bispo Robert Prevost que, entre 2014 e 2023, comandou a diocese de Chiclayo, no norte do Peru.

Em sintonia com a disciplina de Cristiano Ronaldo, todos os sacerdotes ouvidos pela Lusa em Chiclayo concordaram que o novo Papa, de 69 anos, gosta da ordem e respeita a tradição dos acessórios litúrgicos.

“Monsenhor Robert gostava que tudo estivesse de acordo com a liturgia. Prestava atenção aos detalhes”, lembrou José María Nuñez, que conheceu o bispo em 2016, quando tinha 16 anos, tendo convivido por dois anos até 2018.

“É uma pessoa concreta, concisa, de poucas palavras. Prefere escutar. Escuta muito e responde o necessário de forma direta. É muito responsável com as coisas que faz e é bem ordenado”, contou à Lusa o padre José Luis Romero, vicário da paróquia San Agustín, dentro do colégio homónimo, da ordem de Santo Agostinho à qual o Papa pertence e à qual ia todos os anos ministrar missas, a primeira comunhão e a confirmação dos alunos.

A reitora da peruana Universidade Católica Santo Toribio de Mogrovejo, Patricia Campos, acrescentou outro aspeto que une o novo Papa a Portugal.

“Há alguns anos, de uma das minhas viagens ao Brasil, trouxe uns livros escritos em português pelo cardeal Tolentino. Eu estudei no Brasil. Então, como falo e leio em português, trouxe os livros na língua original, mas eu não tinha conhecimento sobre se ele sabia português. Então, disse-lhe que Tolentino deve ser lido em português. Ele respondeu-me: ‘Em português? Sim, eu leio’. E pediu-me os livros para ler na língua original”, contou Patricia Campos.

José Tolentino de Mendonça nasceu na Madeira. Atualmente, o cardeal português, teólogo e professor universitário, está à frente do Dicastério para a Cultura e a Educação.

“Ter sido superior dos agostinhos durante muitos anos deu ao Papa essa faceta cosmopolita”, considerou a reitora.

Os sete cardeais brasileiros que participaram do conclave contaram que o Papa lê e entende bem o português, mas fala pouco a língua, preferindo comunicar em espanhol.

Amante de ténis, beisebol e basquetebol, Prevost foi filmado, em 2005, com um gorro do Chicago White Sox, clube de beisebol da cidade natal.

Não fez declarações públicas quanto a preferências no futebol, provavelmente para não dividir os peruanos. Todos tentam agora desvendar de que clube o Papa é adepto. As principais apostas são o popular Aliança de Lima e o Juan Aurich, um clube de Chiclayo, atualmente na terceira divisão do futebol peruano.

“Robert Prevost, o Papa Leão XIV, é do Aliança Lima. Ele vai-me matar quando souber que eu contei isso”, disse o frei Fidel Alvarado Sandoval, contemporâneo em Chulucanas, localidade da região andina, à qual o então sacerdote Robert Prevost chegou ao Peru em 1985.

Dois anos depois, em 1987, uma tragédia aérea deixou o Peru de luto pela morte de 43, incluindo jogadores e o comando técnico do Alianza Lima. “Acredito que todos os sacerdotes norte-americanos em Chulucanas passaram a ser adeptos do Alianza”, referiu o frei.

Já José María Nuñez afirmou que “em Chiclayo, [o Papa] é adepto do Juan Aurich”.

“Não é um amante do futebol. Os sacerdotes contavam-me que ele assistia aos torneios de basquetebol norte-americanos. É um amante do basquetebol”, garantiu Patricia Campos.

A resposta verdadeira talvez esteja na essência de um agostinho, chamado a viver dentro de um grupo, de uma comunidade, em união.

“Como agostinhos, procuramos sempre a união. Sempre procuramos a verdade de Deus juntos. Um frei agostinho sempre está acompanhado de outro irmão. Não rezamos sozinhos, por exemplo. E quando somos todos diferentes, procuramos viver a diversidade em união”, explicou o padre José Luis Romero à Lusa.

“Percebamos um detalhe muito particular: quando o Papa foi eleito, usava uma vestimenta tradicional. Mas a imprensa não observou que ele calçava sapatos pretos e não os vermelhos como usou Bento XVI. Isso significa que ele quer encaixar em todos os lugares. Quer agradar os tradicionais, mas também os que deixam de lado algumas tradições. Não rompe o protocolo como o Papa Francisco, mas tem um pouco de todos”, afirmou.

“Leão XIV escuta a opinião de um e de outro. Não tira conclusões rápidas. Para um chefe de Estado isso é sumamente importante. Será um pastor que vai ajudar a gerar união no meio de tanta diversidade”, apontou José Luis Romero.

Eleito Papa a 08 de maio, após dois dias de conclave, na Cidade do Vaticano, o cardeal Robert Francis Prevost escolheu o nome de Leão XIV. Sucedeu ao papa Francisco, que morreu em 21 de abril, aos 88 anos.

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